A apenas um dia do fim da COP29 em Baku, os negociadores apresentaram, nesta quinta-feira (21), um rascunho do acordo que evidencia a distância das posições sobre o financiamento climático entre os países ricos e as nações em desenvolvimento.
A conferência termina oficialmente na sexta-feira (22), o que significa que o tempo é curto para encontrar um modo de financiar o trilhão de dólares (5,79 trilhões de reais) por ano de ajuda climática que, segundo especialistas consultados pela ONU, os países em desenvolvimento precisariam para enfrentar as consequências das mudanças climáticas.
Um trilhão (R$ 5,77 trilhões) representa uma quantia dez vezes maior que os 100 bilhões de dólares (R$ 577 bilhões) que os países ricos haviam se comprometido a aportar para o período de 2020-2025, em parte na forma de doações.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um alerta aos negociadores da COP29. "O fracasso não é uma opção", disse.
"Ainda temos um longo caminho a percorrer. Este é o momento em que todas as cartas precisam ser colocadas sobre a mesa", afirmou o coordenador azeri das negociações, Yalchin Rafiyev.
O rascunho, muito criticado, apresenta duas opções: uma prevê que o dinheiro proceda exclusivamente das nações desenvolvidas, e a outra propõe "aumentar" as finanças mundiais contra o aquecimento global a partir de "todas as fontes de financiamento" procedentes de todos os países.
O documento menciona que as quantias a serem aportadas deverão ser da ordem de "trilhões" de dólares, mas não especifica nenhum valor, limitando-se a dizer que as contribuições serão de "[X]" trilhões.
Um trilhão (R$ 5,77 trilhões) representa uma quantia dez vezes maior que os 100 bilhões de dólares (R$ 577 bilhões) que os países ricos haviam se comprometido a aportar para o período de 2020-2025, em parte na forma de doações.
"O fracasso não é uma opção", alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, aos negociadores.
"Ainda temos um longo caminho pela frente. Este é o momento de colocar todas as cartas na mesa", pressionou o coordenador azeri das negociações, Yalchin Rafiyev.
O rascunho, muito criticado, apresenta duas opções: uma prevê que o dinheiro venha exclusivamente das nações desenvolvidas, e a outra propõe "aumentar" as finanças globais contra o aquecimento global a partir de "todas as fontes de financiamento" de todos os países.
O documento menciona que as quantias a serem aportadas deverão ser da ordem de "trilhões" de dólares, mas não especifica nenhum valor, limitando-se a dizer que as contribuições serão de "[X]" trilhões.
"Temos vontade política de criar a ponte que nos permita chegar ao trilhão. Mas faltam menos de 48 horas e não temos nada concreto para negociar. Esse é o problema", denunciou a ministra colombiana do Meio Ambiente, Susana Muhamad.
Oito países do grupo Ailac (Aliança Independente da América Latina e Caribe), África e as ilhas exigiram "no mínimo" 1,3 trilhão de dólares (R$ 7,5 trilhões) anuais dos países ricos e a elaboração de uma "rota para a COP30", que será realizada no ano que vem na cidade brasileira de Belém.
Os países em desenvolvimento exigiram dos países ricos "pelo menos" 500 bilhões de dólares (2,89 trilhões de reais) por ano até 2030.
"Não devemos sair de Baku sem uma quantia clara", declarou o ugandês Adonia Ayebare, representante do grupo de países do Sul global G77+China.
- "Quantos mortos?" -
O comissário da UE para o clima, Wopke Hoekstra, considerou o esboço "claramente inaceitável" e o enviado dos EUA, John Podesta, se declarou "profundamente preocupado com o desequilíbrio flagrante do texto em seu estado atual".
Já o representante chinês, Xia Yingxian, também afirmou que o rascunho não é aceitável e voltou a expressar sua rejeição a qualquer texto que obrigue seu país a contribuir com a ajuda financeira internacional para os países em desenvolvimento.
"Perguntar qual é o valor mínimo que estamos dispostos a aceitar é como perguntar quantos mortos estamos dispostos a ter em nosso país devido a essa crise", apontou o negociador do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gómez. "Precisamos de 1,3 trilhão. E precisamos que os países desenvolvidos falem", insistiu.
Maureen Santos, ativista brasileira da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), descreveu o texto desta quinta como "ideias jogadas ao ar".
"Na Amazônia, vários países estão passando por uma seca extremamente grave (...) além de não ter uma política regional sobre isso, o espaço multilateral não oferece condições para realmente enfrentar esses problemas", lamentou.
"A falta de especificidade mina a confiança", disse Óscar Soria, ativista ambiental argentino e diretor da Common Initiative.
- "Silêncio" sobre energias fósseis -
"O texto faz uma caricatura das posições dos países desenvolvidos e em desenvolvimento", afirmou Joe Thwaites, da ONG NRDC. "A presidência (azeri) deve propor uma terceira opção de conciliação".
A terceira opção foi mencionada pelo australiano Chris Bowen e pela egípcia Yasmine Fouad, os dois ministros que desde segunda-feira fazem consultas para tentar alcançar um consenso entre as partes, mas até o momento não foi apresentada aos países, segundo duas fontes próximas às negociações.
Por sua vez, o grupo de países árabes avisou que rejeitará qualquer texto "que vá contra as energias fósseis".
No ano passado, durante a COP28 de Dubai, foi assinado um acordo que pede para acelerar a transição para um mundo sem energias fósseis.
"A mitigação em matéria de energia (...) tem a ver, em primeiro lugar, com a transição para abandonar os combustíveis fósseis", lembrou nesta quinta-feira Raquel Soto, vice-ministra de Desenvolvimento Estratégico de Recursos Naturais do Peru. "Lamentamos ver uma combinação de silêncio e bloqueio total para voltar a discutir esse tema nas salas, como se nada tivesse sido acordado na COP28."
* AFP