A justiça da Bolívia reconheceu uma nova direção do partido Movimento ao Socialismo (MAS), com membros alinhados ao presidente Luis Arce e excluindo o ex-presidente Evo Morales da cúpula, em meio à disputa pela candidatura para as eleições de 2025.
Uma das câmaras do Tribunal Constitucional declarou válida nesta quinta-feira (14) a eleição de Grover García, aliado de Arce, como presidente do MAS em um congresso partidário e rejeitou a eleição em favor do líder cocalero.
"São válidos todos os atos de execução, incluindo o Congresso Nacional Ordinário do MAS, realizado em El Alto", detalha a resolução judicial.
As lideranças das duas facções haviam iniciado processos judiciais para o reconhecimento de seus eventos.
Morales, presidente da Bolívia entre 2006-2019, reagiu na rede X: "O governo de Luis Arce dá um golpe na revolução e no processo de mudança, pressionando a câmara constitucional (...) para que esta entregue a sigla do MAS por meio de uma sentença inconstitucional, ilegal e ilegítima".
Morales e Arce mantêm uma disputa intensa pelo controle do partido e pela indicação presidencial pelo oficialismo, embora apenas o líder cocalero tenha manifestado interesse em buscar um novo mandato.
O MAS está fragmentado em dois grupos, os "evistas" e os "arcistas". Ambos os lados realizaram congressos partidários, sem a presença do grupo contrário, para eleger seus novos dirigentes. Os primeiros escolheram Evo Morales como líder em outubro de 2023, enquanto os segundos designaram Grover García, próximo de Arce.
Na página oficial da autoridade eleitoral, Evo Morales ainda figurava como máxima autoridade do MAS, partido com reconhecimento legal desde 1987.
Com essa organização, venceu as eleições presidenciais de 2005, 2009, 2015 e 2019, esta última marcada por acusações da oposição de suposta fraude.
A mesma corte proibiu na semana passada a possibilidade de mais de duas reeleições presidenciais, uma decisão que bloqueia as aspirações de Morales, que governou a Bolívia em três ocasiões.
O líder cocalero afirmou nas redes sociais que "o governo já não precisa dos outros poderes do Estado. Basta-lhe a câmara constitucional (...) para eliminar adversários, nomear autoridades, apropriar-se de estruturas políticas, suspender processos eleitorais".
* AFP