A decisão dos EUA de fornecer minas antipessoais para a Ucrânia é uma resposta a uma mudança nas táticas russas no campo de batalha, com Moscou favorecendo cada vez mais a infantaria, disse o secretário de Defesa Lloyd Austin nesta quarta-feira (20).
"Suas forças mecanizadas não estão mais na liderança. Elas estão avançando a pé para que possam se aproximar e fazer coisas que abram caminho para as forças mecanizadas", disse Austin aos repórteres durante uma visita ao Laos, um país há muito assolado por esse tipo de armamento.
Os ucranianos "precisam de coisas que possam ajudar a desacelerar esse esforço dos russos", acrescentou ele, à medida que o avanço das tropas russas se acelera no leste da Ucrânia.
A medida foi tomada poucos dias depois que Washington deu luz verde à Ucrânia para atacar o território russo com mísseis de longo alcance fabricados nos EUA, uma linha vermelha para Moscou.
A decisão sobre as minas terrestres foi imediatamente criticada por grupos de direitos humanos devido ao risco que elas representam para os civis.
Nesta quarta-feira, a International Campaign to Ban Landmines (ICBL) denunciou a decisão como "desastrosa" e o grupo, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1997, disse que "trabalharia para que os EUA revertessem sua decisão".
De acordo com Austin, as minas fornecidas pelos EUA serão "não persistentes", o que significa que serão equipadas com um dispositivo de autodestruição ou autodesativação, o que teoricamente limitaria os riscos para os civis.
As chamadas minas antipessoais "não persistentes" podem se autodestruir ou se tornar inativas após perderem a carga da bateria.
- "São muito importantes" -
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky disse nesta quarta-feira que as minas terrestres que os Estados Unidos decidiram fornecer a Kiev são "muito importantes" para impedir o avanço do Exército russo no leste do país.
O líder saudou a entrega de uma nova parcela da ajuda militar dos EUA, que inclui minas antipessoais "muito importantes (...) para impedir os ataques russos", em um contexto de avanço dos soldados de Moscou contra as tropas ucranianas, menos numerosas e menos bem armadas.
O presidente dos EUA, Joe Biden, está trabalhando para impulsionar o esforço de guerra da Ucrânia nos últimos dois meses de seu governo antes que Donald Trump, um crítico da ajuda à ex-república soviética, assuma o cargo em janeiro.
* AFP