O presidente da Tunísia, Kais Saied, acusado de adotar um "viés autoritário" pela sociedade civil, foi reeleito neste domingo (6) com mais de 89% dos votos, segundo pesquisas de boca de urna após eleições marcadas pela baixa participação.
Saied, de 66 anos, obteve 89,2% dos votos, segundo pesquisas do instituto Sigma Conseil, divulgadas na emissora de TV nacional Wataniya.
O segundo candidato mais bem colocado, o empresário liberal Ayachi Zammel, de 47 anos, obteve apenas 6,9% dos votos, e o ex-deputado da esquerda pan-árabe, Zouhair Maghzaouri, de 59 anos, 3,9%.
As eleições geraram pouco entusiasmo na população, mais preocupada com as dificuldades econômicas do que com o "viés autoritário" denunciado pela sociedade civil e a oposição.
A autoridade eleitoral, ISIE, anunciou que a taxa de participação situou-se em 27,7% neste primeiro turno, contra 45% no primeiro turno de 2019.
Mais de 9,7 milhões de eleitores estavam inscritos para votar.
O presidente da ISIE, Faruk Bouasker, qualificou a participação como "respeitável", apesar de ser a mais baixa para um primeiro turno desde a chegada da democracia ao país, berço da "Primavera Árabe", em 2011,
Apenas dois candidatos foram autorizados a disputar o cargo de Saied dos 17 iniciais, descartados pelo ISIE por supostas irregularidades.
O presidente "bloqueou as eleições" e deve "vencer sem dificuldade", havia previsto o especialista do International Crisis Group, Michael Ayari, que antecipou uma abstenção "forte".
Após a divulgação dos resultados das pesquisas de boca de urna, dezenas de apoiadores do presidente foram à avenida principal de Túnis para comemorar sua vitória, fazendo buzinaços e tremulando bandeiras tunisianas em frente ao teatro municipal.
Um grupo de homens, mulheres e crianças entoaram com entusiasmo o hino nacional.
Saied, eleito em 2019 com cerca de 73% dos votos, ainda era popular quando assumiu o cargo em 2021, prometendo trazer a ordem após anos de instabilidade política.
Três anos depois, ONGs tunisianas e estrangeiras, bem como a oposição, denunciam um "viés autoritário" do poder, com o desmantelamento dos contrapesos estabelecidos em 2011 e a repressão da sociedade civil.
Além disso, Saied é "criticado por sua incapacidade de tirar o país de uma profunda crise econômica", marcada por um poder aquisitivo em queda livre, afirmou Pierre Vermeren, especialista francês sobre o Magrebe.
* AFP