O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou, nesta terça-feira (22), que cancelou uma viagem a São Paulo ante o julgamento político ao qual sua ministra do Interior, Mónica Palencia, será submetida pelo Congresso, de maioria opositora, devido à insegurança por causa da violência do tráfico de drogas.
"Tomei a decisão de cancelar a visita oficial ao Brasil, onde tinha previsto participar dos Fóruns de Mudança Climática", nesta quarta-feira, indicou o mandatário no X.
Noboa, que deveria viajar nesta terça-feira, acrescentou: "Não vou deixar Mónica Palencia sozinha, vou acompanhá-la em todo seu caminho".
Palencia deve comparecer na quarta-feira à Assembleia Nacional, onde a oposição majoritária está dividida, para ser julgada politicamente por descumprimento de funções.
O bloco legislativo aliado ao ex-governante socialista Rafael Correa (2007-2017) argumenta que a ministra deve ser destituída por ser a responsável pela falta de um plano de segurança para enfrentar o tráfico, que violentamente disputa áreas de poder.
Os partidários de Correa têm 48 dos 137 assentos e o partido governista tem cerca de 40 com o apoio de aliados. Para o impeachment, são necessários 42 votos.
A ministra das Relações Exteriores, Gabriela Sommerfeld, representará Noboa nos fóruns ambientais a serem realizados em São Paulo.
"Tenho certeza de que a ministra das Relações Exteriores representará o Equador no mais alto nível, buscando soluções regionais para a crise energética, enquanto eu a enfrento aqui com o resto da equipe", disse ele.
O país também está enfrentando uma crise hídrica devido à pior seca em seis décadas, que este ano levou a uma queda na produção de eletricidade - provocando apagões de oito horas por dia. Além disso, houve cerca de 3.600 incêndios florestais, uma interrupção no fornecimento de água potável e problemas na produção agrícola e no setor de telecomunicações.
"Estamos passando por momentos que nos desafiam como país; temos de enfrentá-los com determinação e firmeza", disse Noboa, que assumiu o cargo em novembro passado e buscará a reeleição nas eleições gerais de fevereiro próximo.
Por causa da seca, que está afetando os reservatórios das usinas hidrelétricas que cobrem 70% da demanda nacional de energia, 20 das 24 províncias do Equador estão em alerta vermelho.
* AFP