Israel anunciou na madrugada deste sábado (26) que realizava "ataques de precisão" contra alvos militares no Irã, em resposta ao lançamento de mísseis contra o seu território.
O comunicado do Exército foi divulgado pouco depois que uma série de explosões foram ouvidas nos arredores da capital iraniana a partir das 2h15 locais, segundo veículos estatais e jornalistas da AFP no local.
A TV estatal iraniana informou que foram ouvidas ao menos seis explosões na capital, atribuídas por fontes da segurança "à atividade do sistema de defesa aérea". Horas depois, jornalistas da AFP ouviram novas explosões na capital iraniana, acompanhadas de rastros de luz.
O Exército israelense informou que, "em resposta a meses de ataques contínuos do regime do Irã", suas forças realizavam "ataques de precisão contra alvos militares" no país. O "Estado de Israel tem o direito e o dever de responder. Nossas capacidades defensivas e ofensivas estão plenamente mobilizadas."
O Irã suspendeu neste sábado todos os voos até nova ordem. "Os voos de todas as rotas foram cancelados", informou a Organização de Aviação Civil, segundo a agência de notícias oficial Irna.
Há semanas aguardava-se uma resposta de Israel ao ataque de 1º de outubro do Irã, que lançou cerca de 200 projéteis contra seu território, incluindo vários mísseis hipersônicos pela primeira vez.
A ação israelense contra o Irã é "autodefesa", reagiu a Casa Branca, principal apoio diplomático e militar de Israel. Segundo um funcionário da Defesa, os Estados Unidos foram informados com antecedência sobre os ataques.
Na Síria, aliada do Irã, a agência de notícias oficial Sana informou que a defesa aérea do país havia interceptado "alvos hostis" nos arredores de Damasco, onde também foram ouvidas explosões. Devido ao que chamaram de "tensão regional", autoridades do Iraque anunciaram a suspensão do tráfego aéreo no país até nova ordem.
- Tensão regional -
As hostilidades se somam a um contexto de alta tensão no Oriente Médio, depois de mais de um ano de conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, uma guerra que se estendeu para o Líbano, contra o Hezbollah.
Os dois movimentos islamistas se opõem a Israel e estão apoiados financeira e militarmente pelo Irã, que fez do apoio à causa palestina um dos pilares de sua política externa desde a instauração da República Islâmica em 1979.
Teerã apresentou os disparos de 1º de outubro como uma resposta aos bombardeios israelenses contra o Líbano que, no final de setembro, causaram as mortes de um general iraniano e do chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Também justificaram a operação como uma represália ao assassinato em solo iraniano do então líder do Hamas, Ismail Haniyeh, uma ação atribuída a Israel.
Nas últimas semanas, o Irã desempenha um equilíbrio delicado entre firmeza e moderação ante as ameaças de represálias israelenses.
"Vamos golpear de novo dolorosamente" em caso de ataque, disse recentemente o general Hossein Salami, chefe do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, o exército ideológico encarregado de defender o regime da República Islâmica.
- Giro diplomático -
Ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, embarcou em um giro diplomático pelo Oriente Médio para tentar apaziguar a tensão e reforçar a posição de Teerã.
O chanceler viajou ao sultanato de Omã, que normalmente serve de intermediário para as conversas indiretas com os Estados Unidos, e também esteve no Egito, onde nenhum ministro iraniano havia ido desde 2013.
"Não queremos a guerra, queremos a paz", insistiu várias vezes o ministro que, ainda assim, avisou que o Irã está "totalmente preparado para enfrentar uma situação de guerra".
Em abril, Teerã já havia lançado mísseis e drones contra Israel em uma operação sem precedentes que respondia a um ataque letal contra seu consulado na Síria, atribuído também ao Exército israelense.
Após essa ação inédita, foram reportadas explosões no centro do Irã que, segundo altos responsáveis americanos, eram a resposta de Israel, que não as assumiu.
Teerã, por sua vez, minimizou a importância dessas explosões cuja origem não foi explicada claramente.
* AFP