Donald Trump e Kamala Harris intensificam os comícios na Pensilvânia, com foco no eleitorado negro e nos quase 580.000 latinos com direito a voto neste estado do nordeste americano, que não pode ser classificado apenas como republicano ou democrata.
Nos Estados Unidos, o voto popular não elege o presidente; em vez disso, os eleitores escolhem os 270 delegados do Colégio Eleitoral que elegerão o próximo mandatário por maioria absoluta. Republicanos e democratas buscam conquistar os eleitores de alguns estados, chamados de "chave" ou "pêndulo", que votam em um ou outro partido dependendo do candidato.
A Pensilvânia, com seus 19 delegados, é o principal deles. Mais de um milhão de latinos vivem neste estado, segundo o Censo dos Estados Unidos.
Desses, 579.000 podem votar, de acordo com dados publicados pelo Instituto Latino de Política Pública da UCLA em setembro, mas apenas metade costuma votar, um percentual muito inferior ao da população branca ou negra que comparece às urnas.
- "Uma simplificação" -
"É uma simplificação extrema atribuir uma margem de vitória estadual ou nacional a apenas um grupo demográfico", explica o professor universitário A.K. Sandoval-Strausz em um artigo na plataforma digital independente The Conversation.
Mas "em uma eleição muito disputada como esta, pequenas mudanças nas margens entre grupos-chave, como os eleitores latinos na Pensilvânia, podem determinar quem se torna presidente", acrescenta.
Ambos os candidatos sabem que cada voto conta. Trump venceu neste estado por 44.000 votos em 2016, e o presidente democrata Joe Biden ganhou por 81.000 em 2020.
A composição latina da Pensilvânia difere da de outros estados nos quais a ascendência mexicana predomina.
Na Pensilvânia, 53,4% são porto-riquenhos, 12,6% de origem mexicana, 11,3% dominicanos, 3% cubanos e 2,6% colombianos, segundo a plataforma de dados Latino Data Hub.
Tradicionalmente, os porto-riquenhos são os mais leais aos democratas, enquanto os de ascendência cubana tendem a apoiar os republicanos.
- Bad Bunny e Billy Joel -
As equipes de campanha tentam atrair o cantor porto-riquenho Bad Bunny, cujo apoio, segundo alguns estrategistas, pode ser mais decisivo do que o da megaestrela Taylor Swift, que declarou apoio a Kamala.
Bad Bunny pode influenciar eleitores dos condados em declínio no leste da Pensilvânia, um estado que faz parte do chamado "cinturão da ferrugem", atingido pela decadência industrial nas últimas décadas.
Já Billy Joel, que expressou as dificuldades dos trabalhadores demitidos das fábricas da região nas letras de suas músicas, também pode ajudar, avalia Sandoval-Strausz. Nenhum dos dois artistas se envolveu na campanha eleitoral até o momento.
Deixando a música de lado, o eleitorado latino votará com as mesmas preocupações que o restante dos americanos, segundo as pesquisas. O voto será guiado pela economia, pela capacidade de compra reduzida após a pandemia, embora a inflação tenha dado uma trégua, caindo em setembro para 2,4% ao ano.
A imigração irregular na fronteira com o México não é considerada um tema prioritário nas pesquisas, apesar de ser a questão favorita de Trump e de dominar a batalha eleitoral, com os republicanos em posição de ataque e os democratas na defensiva, tentando limitar os danos.
* AFP