O papa Francisco pediu neste sábado (7), em visita a Papua Nova Guiné, uma exploração justa dos recursos naturais de modo a promover "o bem-estar de todos" em uma comunidade.
"Seu país, além de suas ilhas e línguas, também é rico em recursos da terra e das águas. Esses bens são destinados por Deus a toda a coletividade", disse o pontífice argentino em seu primeiro discurso em Port Moresby, a capital deste país ao norte da Austrália.
Essa riqueza "compromete todos, governantes e cidadãos juntos, a promover todas as iniciativas adequadas para valorizar os recursos naturais e humanos, de forma que se possa gerar um desenvolvimento sustentável e equitativo, que promova o bem-estar de todos", continuou.
Com uma população majoritariamente cristã, Papua Nova Guiné é um dos Estados mais empobrecidos e instáveis do Pacífico, cenário de recorrentes violências tribais, contra as quais o papa se manifestou em seu discurso.
"Faço votos, em particular, pelo fim das agressões tribais (...). Apelo ao senso de responsabilidade de todos para que a espiral de violência seja interrompida", pediu diante de governantes, diplomatas e líderes civis do país.
O país também possui vastas reservas de ouro, cobre, níquel, gás natural e madeira, que atraíram investimentos de multinacionais do Canadá, Austrália e China.
O papa reconheceu que para a exploração desses recursos pode ser "necessário recorrer a competências mais amplas e grandes empresas internacionais".
Mas "é justo que se leve devidamente em consideração, na distribuição dos lucros e na utilização da mão de obra, as necessidades das populações locais, de modo a promover uma melhoria efetiva em suas condições de vida", acrescentou.
No entanto, relatórios econômicos sobre este país da Oceania apontam para o contrário.
Um relatório recente do Banco Mundial mostrou que, entre 2009 e 2018, o produto interno bruto per capita de Papua Nova Guiné aumentou em mais de um terço, mas o percentual de pessoas vivendo com menos de dois dólares por dia se manteve o mesmo.
"A pobreza mal mudou durante esse tempo", afirmam os autores.
Este país, com 12 milhões de habitantes, é a segunda parada do giro de Jorge Bergoglio pelo sudeste da Ásia e Oceania, o mais longo de seu papado.
* AFP