A paquistanesa Malala Yousafzai, prêmio Nobel da Paz, apresentou seu primeiro documentário em parceria com a Apple TV+ no festival de cinema de Toronto, uma história inspiradora sobre idosas mergulhadoras sul-coreanas que se encaixa perfeitamente com seu ativismo, segundo declarou ela própria nesta segunda-feira (9).
"As Últimas Mulheres do Mar" conta a história da comunidade matriarcal haenyeo, cujos membros se sustentam economicamente pescando na ilha sul-coreana de Jeju usando apenas trajes de mergulho, máscaras, nadadeiras, cestas e anzóis.
A comunidade, declarada patrimônio cultural imaterial da Unesco em 2016, existe há séculos, mas está em perigo, pois muitas das mulheres já têm 60, 70 ou até mesmo 80 anos.
"Eu estava procurando histórias de mulheres... Queria histórias de sua resiliência. E quando ouvi falar deste projeto da (diretora) Sue, pensei: 'Isso é exatamente o que estou procurando'", disse Malala à AFP em uma entrevista junto com a diretora coreana-americana Sue Kim.
"Quando vejo as histórias das haenyeo, isso me inspira sobre as possibilidades e capacidades que as mulheres têm em seus corpos e mentes", acrescentou a ativista de 27 anos, que é uma das produtoras do filme.
- Mulheres impressionantes-
Na década de 1960, 30.000 mulheres haenyeo extraíam do mar desde caracóis até polvos para sustentar suas famílias. Hoje, esse número foi reduzido para 4.000.
O filme mostra as mulheres falando sobre seu trabalho difícil, que envolve segurar a respiração embaixo d'água por até dois minutos, e inclui belas imagens subaquáticas delas em plena atividade.
Além disso, explora como elas tentam reviver sua cultura por meio de treinamentos e promoção de seu trabalho nas redes sociais, e como trabalham juntas para evitar a sobrepesca.
"Eu as conheci quando era criança e fiquei muito impressionada, porque elas são muito confiantes e audaciosas", explicou à AFP Kim, que faz sua estreia na direção de um longa-metragem.
"Elas são impressionantes. São fisicamente ágeis, habilidosas e fortes, e defendem o meio ambiente e se preocupam com a próxima geração", acrescentou.
Malala sobreviveu em 2012, quando era adolescente, a uma tentativa de assassinato por parte dos talibãs devido à sua campanha em favor dos direitos educacionais das meninas. Em 2014, aos 17 anos, foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz.
A ativista assinou um acordo com a Apple TV+ em 2021 para promover conteúdos centrados em mulheres e meninas e criou sua própria produtora.
"Contar histórias faz parte do meu ativismo, e acredito que precisamos criar plataformas e oportunidades para que meninas e mulheres reflitam sobre o mundo da forma como o veem", disse Malala.
* AFP