Os Estados Unidos e nove países latino-americanos rejeitaram nesta terça-feira (3) o mandado de prisão emitido por um tribunal da Venezuela contra o candidato opositor Edmundo González Urrutia, que denunciou fraude e reivindica a vitória nas eleições presidenciais de julho.
Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai "rejeitam de maneira inequívoca e absoluta a ordem de prisão" emitida na segunda-feira contra González Urrutia, afirma um comunicado conjunto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador.
Logo depois, o chefe da diplomacia americana para América Latina, Brian Nichols, declarou na rede social X que Washington junta-se "à crescente lista de aliados internacionais que condenam" a "ordem de prisão injustificada" do opositor venezuelano.
O Ministério Público da Venezuela solicitou a prisão do candidato presidencial da oposição por supostos crimes associados às eleições, incluindo "desobediência das leis" e "conspiração".
A oposição venezuelana afirma que González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais e publicou em um site uma cópia de mais de 80% das atas de votação, segundo as quais teria obtido uma maioria contundente.
A página virtual é o foco da investigação que deu origem ao mandado de prisão de González Urrutia, de 75 anos e que está na clandestinidade desde 30 de julho.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato com 52% dos votos, mas não divulgou o resultado detalhado do pleito. A oposição acusa esta instituição de servir ao governo.
"Em vez de reconhecer a sua derrota eleitoral e preparar-se para uma transição pacífica na Venezuela, Maduro ordenou agora a prisão do líder democrático que o derrotou de forma esmagadora nas urnas", afirmou Brian Nichols na rede social X.
As nações latino-americanas declararam que o mandado de prisão contra o opositor "cita vários supostos crimes que nada mais são do que mais uma tentativa de silenciar o senhor González, ignorar a vontade popular venezuelana e constituir perseguição política.
Declararam ainda que condenam "estas práticas ditatoriais" em num país onde "não há separação de poderes nem garantias judiciais mínimas e onde abundam as detenções arbitrárias".
Também se comprometeram a unir forças "para exigir que as autoridades venezuelanas garantam a vida, a integridade e a liberdade" de González Urrutia.
O MP venezuelano divulgou em sua conta no Instagram uma cópia da ordem de prisão também pelos crimes de "usurpação de funções" e "sabotagem".
A medida ocorreu após o desacato a três convocações do opositor para depor ao Ministério Público no âmbito de uma investigação criminal contra ele.
O diplomata argumentou há dias que a instituição judicial agia como um "acusador político" que o sujeitaria a um processo "sem garantias de independência e do devido processo".
* AFP