O grupo taiwanês Gold Apollo, cuja marca aparece nos pagers de membros do Hezbollah que explodiram no Líbano, provocando ao menos 12 mortes, garantiu nesta quarta-feira (18) que os aparelhos foram fabricados por uma empresa na Hungria chamada BAC Consulting, com a qual tinha um acordo.
A Gold Apollo negou informações do jornal The New York Times (NYT), segundo as quais ela própria fabricava e vendia os pagers modelo AR924 ao Hezbollah.
"Segundo um acordo de cooperação, autorizamos a BAC a usar a nossa marca para a venda de produtos em determinadas regiões, mas a concepção e produção dos produtos é da exclusiva responsabilidade da BAC", afirmou a empresa em comunicado.
— Nossa empresa apenas fornece autorização para usar a marca e não está envolvida na concepção ou fabricação — disse o diretor da empresa, Hsu Ching-kuang, nesta quarta-feira em Taipei.
A presidente da empresa húngara, Cristiana Barsony-Arcidiacono, confirmou em declarações à rede americana NBC que trabalhava com a Gold Apollo, mas negou estar envolvida na fabricação.
— Eu não faço pagers. Sou apenas uma intermediária. Estão equivocados — disse por telefone.
A empresa BAC Consulting, fundada em 2022, está registrada em Budapeste, em um edifício de dois andares na periferia da capital húngara que pertence a uma companhia de criação de domicílios para empresas.
De acordo com documentos legais consultados pela AFP, Barsony-Arcidiacono parece ser a única funcionária e a empresa tinha um volume de negócios anual de 210 milhões de florins (US$ 592 mil ou R$ 3,2 milhões) com lucros de cerca de US$ 50 mil (R$ 275 mil).
No site da empresa, agora inacessível, mas do qual a AFP conseguiu consultar uma versão arquivada, a BAC afirma "trabalhar internacionalmente como um ator de mudança com uma rede de consultores". A presidente se descreve como uma "assessora estratégica de organizações internacionais".
O Ministério Público de Taiwan anunciou a abertura de uma investigação.
Segundo o NYT, que cita autoridades americanas e outras, os pagers foram interceptados antes da chegada ao Líbano e foram escondidas pequenas quantidades de explosivos e um detonador junto à bateria.
As explosões simultâneas de pagers pertencentes a membros do Hezbollah na terça-feira (17), atribuídas a Israel pelo movimento islamita pró-Irã, causaram 12 mortes e deixaram cerca de 2,8 mil feridos, segundo um novo relatório divulgado nesta quarta-feira pelo ministro da Saúde libanês, Firass Abiad.