O Panamá deportará, nos próximos dias, migrantes equatorianos que entraram no país pela selva de Darién, no marco de um acordo com os Estados Unidos, informou o presidente José Raúl Mulino nesta quinta-feira (22).
O Panamá deportou na terça-feira em voo fretado 29 colombianos com antecedentes criminais que também entraram no país por Darién, a selva inóspita na fronteira entre Colômbia e o Panamá convertida em corredor para migrantes com destino aos Estados Unidos, ao aplicar pela primeira vez o acordo com Washington.
"O próximo voo será para o Equador", porque "a segunda nacionalidade com mais pessoas lá [em Darién] é a equatoriana", disse Mulino na sua coletiva de imprensa semanal, sem especificar o dia ou o número de pessoas que serão deportadas ou se elas têm antecedentes criminais.
Nesta semana, o ministro da Segurança do Panamá, Frank Ábrego, participou de uma reunião regional de segurança na cidade equatoriana de Guayaquil, onde teria informado às autoridades locais sobre a próxima deportação de migrantes daquele país.
"O ministro Ábrego esteve lá esses dias [...] e hoje me dará detalhes", disse Mulino, que assinou o acordo de migração com os Estados Unidos no mesmo dia em que assumiu o poder, 1º de julho.
Por meio do acordo, Washington se comprometeu a financiar com seis milhões de dólares (33,3 milhões de reais na cotação atual) a deportação do Panamá de migrantes que cruzem o Darién.
"Progressivamente, faremos o que for apropriado [para conter a passagem de migrantes pela selva], mas estou animado ao ver que iniciamos o acordo com os Estados Unidos", disse Mulino.
Mais de 520 mil pessoas cruzaram a selva em 2023, dois terços delas venezuelanos, segundo dados oficiais panamenhos. Este ano, mais de 231 mil pessoas fizeram a perigosa viagem, incluindo 153.577 venezuelanos, 14.598 equatorianos, 14.674 colombianos e 12.065 chineses.
No balanço desta quinta, os colombianos superaram ligeiramente o número de equatorianos.
Durante a campanha eleitoral, Mulino prometeu "fechar" Darién à migração, mas uma vez no poder qualificou essas declarações afirmando que não planejava realizar repatriações "forçadas", mas voluntárias, e deportações de pessoas com antecedentes criminais.
Nesta selva de 575 mil hectares, os migrantes enfrentam inúmeros riscos naturais e também o risco de serem agredidos, estuprados ou assassinados por gangues criminosas.
* AFP