A ordem foi restabelecida em Bangladesh nesta segunda-feira (22), segundo o exército, após mais de 500 detenções e três semanas de grandes manifestações estudantis que deixaram 163 mortos.
Um toque de recolher foi imposto e soldados patrulhavam as ruas das cidades do oitavo país mais populoso do mundo, de acordo com o exército.
"A ordem pública está sob controle após a mobilização do exército", declarou o general Waker uz Zaman, chefe da força, em um comunicado.
"Suspendemos as manifestações por 48 horas", anunciou, por sua vez, Nahid Islam, líder do principal movimento organizador das manifestações, 'Students Against Discrimination'.
O país do sul da Ásia está agitado por uma mobilização que começou no início de julho com protestos estudantis contra um sistema de cotas que reserva mais de metade dos cargos no serviço público para alguns setores da sociedade, como filhos dos veteranos da guerra de 1971 contra o Paquistão.
As manifestações levaram a uma mobilização mais ampla que desafia o governo autocrático da primeira-ministra Sheikh Hasina, no poder há 15 anos.
"Pelo menos 532 pessoas foram presas após os atos de violência", disse à AFP Faruk Hossain, porta-voz da polícia na capital Daca. "Entre elas, estão líderes do Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP), de oposição", acrescentou.
O número três do BNP, Amir Khosru Mahmud Chowdhury, e um dos seus porta-vozes, Ruhul Kabir Rizvi Ahmed, estão entre os líderes da oposição detidos.
Aminul Huq, ex-capitão da seleção nacional de futebol que se afiliou ao BNP, e Mia Golam Parwar, secretária-geral do Jamaat-e-Islami, o maior partido islâmico do país, também foram detidos, segundo o porta-voz.
De acordo com a fonte, pelo menos três agentes morreram durante os tumultos na capital e cerca de mil pessoas ficaram feridas, entre as quais 60 sofreram lesões graves.
O porta-voz do BNP A.K.M Wahiduzzaman disse à AFP que "centenas de líderes e militantes do BNP foram presos nos últimos dias" em todo o país.
O bengali Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz de 83 anos, exortou nesta segunda a comunidade internacional a fazer tudo que for possível para pôr fim à violência.
* AFP