Eleição indireta, delegados, voto não obrigatório, primárias e Estados-pêndulo. Estar familiarizado com esses tópicos ajuda no entendimento da corrida presidencial nos Estados Unidos. Em 2024, o pleito está marcado para 5 de novembro.
A escolha popular foi precedida por dois eventos que entraram para a história da disputa à Casa Branca. No último dia 13, Donald Trump, ex-presidente e candidato republicado neste ano, foi ferido na orelha em um atentado a tiros durante um comício na Pensilvânia.
Neste domingo (21), Joe Biden desistiu de buscar a reeleição e deixou o Partido Democrata sem um nome no processo democrático.
A eleição norte-americana é distinta da brasileira em diversos pontos, entre eles, o fato de o voto não ser obrigatório.
Entenda abaixo como o sistema funciona
Primárias
O sistema de consulta pública adotado pelos Estados Unidos permite que os eleitores participem desde o início na definição de quem disputará o controle da Casa Branca. As prévias, também conhecidas como primárias, representam a fase inicial das eleições estadunidenses, quando são escolhidos os concorrentes à presidência. O processo, assim como a eleição geral, segue regras específicas por Estado.
Os caucus são assembleias em etapas, em que os eleitores indicam sua preferência ao se posicionar em um determinado espaço de uma sala, e podem tentar convencer os demais a acompanhá-los. As primárias são votações com cédulas em urnas, semelhantes à eleição geral.
Delegados
Outro fator que difere a eleição estadunidense da brasileira e torna mais complexo o sistema norte-americano é a existência dos delegados. Em definição que ocorre antes do pleito, de acordo com as populações de cidades e condados, cada distrito eleitoral recebe a atribuição de um número de delegados. O candidato que vence em um determinado distrito conquista os delegados correspondentes.
O Partido Democrata tem em jogo 3.923 delegados para seus pré-candidatos, enquanto o Partido Republicano possui 2.429. O pré-candidato de cada partido que conseguir mais da metade dos delegados estipulados pela sigla será indicado na Convenção Nacional para a disputa geral.
Muitas vezes o candidato escolhido no partido já é conhecido antes da convenção, porque é tradição na política dos Estados Unidos que os concorrentes desistam no decorrer do processo, à medida que percebem que não conseguirão vencer. Com isso, à medida que são realizadas as prévias, a concorrência se afunila.
Eleições gerais dos EUA
Nos Estados Unidos, a eleição do presidente ocorre por sufrágio universal indireto. Os cidadãos designam 538 delegados para compor o Colégio Eleitoral, que votará depois em um dos dois candidatos.
Para vencer as eleições, um candidato deve obter a maioria absoluta dos votos colegiados, ou seja, 270. A quantidade de delegados por Estado é definida pelo tamanho da população, mas nenhum tem menos de três representantes. A Califórnia, o Estado mais populoso do país, é o maior detentor de votos, 54, enquanto Delaware, Wyoming e a capital, Washington, possuem, cada um, apenas três.
Na maior parte dos Estados, o candidato vencedor pode indicar todos os delegados ao Colégio Eleitoral — leva, portanto, todos os votos do Estado. As exceções são o Nebraska e o Maine, onde os delegados são atribuídos por representação proporcional.
Por causa deste sistema indireto, é possível que o candidato não tenha a preferência da maioria dos eleitores, mas seja eleito por maioria de delegados. Por exemplo, o candidato que conquistar 28 dos delegados da Califórnia, por exemplo, leva todos os 54 para o Colégio Eleitoral.
O sistema foi estabelecido para conferir maior peso na decisão aos Estados mais populosos. Por isso Califórnia, Flórida e Texas, por exemplo, são mais visados pelos concorrentes, já que, juntos, detêm 133 delegados, quase 25% do total.
Estados-pêndulo
Alguns Estados têm histórico de preferência por democratas e outros costumam escolher republicanos. Isso explica a habitual concentração dos candidatos em cerca de 10 Estados que costumam variar entre um partido e outro e, por isso, influenciam no resultado eleitoral — os famosos Estados-pêndulo (swing states).
Os mais importantes são aqueles com maior número de votos colegiados, como Pensilvânia (19), Ohio (17) e Geórgia (16). Wisconsin, Arizona e Nevada também despertam interesse. Os Estados-pêndulo podem variar de acordo com as eleições.
Veja o número de delegados por Estado nos EUA
- Alabama – 9 votos
- Alaska – 3 votos
- Arizona – 11 votos
- Arkansas – 6 votos
- Califórnia – 54 votos
- Carolina do Norte – 16 votos
- Carolina do Sul – 9 votos
- Colorado – 10 votos
- Connecticut – 7 votos
- Dakota do Norte – 3 votos
- Dakota – 3 votos
- Delaware – 3 votos
- Distrito de Columbia – 3 votos
- Flórida – 30 votos
- Geórgia do Sul – 16 votos
- Havaí – 4 votos
- Idaho – 4 votos
- Illinois – 19 votos
- Indiana – 11 votos
- Iowa – 6 votos
- Kansas – 6 votos
- Kentucky – 8 votos
- Louisiana – 8 votos
- Maine – 4 votos
- Maryland – 10 votos
- Massachusetts – 11 votos
- Michigan – 15 votos
- Minnesota – 10 votos
- Mississippi – 6 votos
- Missouri – 10 votos
- Montana – 4 votos
- Nebraska – 5 votos
- Nevada – 6 votos
- New Hampshire – 4 votos
- Nova Jersey – 14 votos
- Novo México – 5 votos
- Nova York – 28 votos
- Ohio – 17 votos
- Oklahoma – 7 votos
- Oregon – 8 votos
- Pensilvânia – 19 votos
- Rhode Island – 4 votos
- Tennessee – 11 votos
- Texas – 40 votos
- Utah – 6 votos
- Vermont – 3 votos
- Virginia – 13 votos
- Washington – 12 votos
- West Virginia – 4 votos
- Wisconsin – 10 votos
- Wyoming – 3 votos