Um deslizamento de terra causado pelas fortes chuvas deixou mais de 200 mortos em uma área de difícil acesso no sul da Etiópia, o pior desastre do gênero no país africano.
As autoridades da zona administrativa de Gofa, onde ocorreu o deslizamento na segunda-feira (22), informaram ao menos 229 mortes em um balanço revisado em alta nesta terça-feira (23).
Este é o deslizamento de terra mais mortal registrado até agora na Etiópia, o segundo país mais populoso do continente africano, com 120 milhões de habitantes.
"A informação que temos até agora indica a morte de 148 homens e 81 mulheres, um total de 229 pessoas que perderam a vida", afirmou o serviço de comunicações de Gofa em comunicado.
Pouco antes, o responsável de Relações Públicas de Gofa, Habtamu Fetena, havia informado 146 mortos e alertou que esse número poderia aumentar.
Segundo o administrador de Gofa, Dagemawi Ayele, citado pela emissora de rádio e televisão etíope EBC, a maior parte das vítimas morreu soterrada na segunda-feira, quando tentavam ajudar os moradores de uma casa.
O acidente ocorreu no 'kebele' (divisão administrativa) de Kencho, localizado no 'woreda' (distrito) de Geze-Gofa, uma área rural, montanhosa e de difícil acesso, a mais de 450 quilômetros e a dez horas de carro de Adis Abeba, a capital da Etiópia.
"Aqueles que correram para salvar vidas morreram... incluindo o administrador local, professores, profissionais de saúde e agricultores", disse Dagemawi, citado pela EBC.
Um etíope residente em Nairóbi, originário da região, descreveu a zona da tragédia como rural, isolada e montanhosa e explicou que como o solo não é firme "quando chove muito, afunda e cai imediatamente".
O presidente executivo da União Africana, Moussa Faki Mahamat, expressou na rede X a sua "solidariedade com o povo e o governo etíope".
Fotos postadas no Facebook pelas autoridades mostram uma multidão no sopé de uma colina que praticamente desmoronou.
Também aparecem pessoas tentando retirar corpos de uma espessa camada de argila avermelhada com pás, enxadas ou diretamente com as mãos. Outros carregam corpos cobertos com uma lona ou lençol em macas feitas de galhos.
Esta região do sul da Etiópia é uma das mais afetadas pelas cheias de abril e maio, durante a curta estação chuvosa, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).
Segundo a agência, em maio as inundações afetaram mais de 19 mil pessoas em várias regiões e obrigaram outras mil a se deslocar.
O deslizamento de terra mais mortal da África ocorreu em 14 de agosto de 2017 em Freetown, capital da Serra Leoa, deixando 1.141 mortos.
* AFP