O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ordenou nesta quarta-feira (10) a abertura de uma investigação sobre os aumentos "injustificados" nos preços de inseticidas e repelentes em farmácias, lojas de ferragens e supermercados, em meio a um surto de dengue que causou a morte de três crianças.
Além disso, o presidente determinou a criação de mercados móveis para conter os aumentos sem precedentes nos preços dos alimentos.
As medidas contra os aumentos de preços parecem ser uma nova iniciativa de Bukele, após ter lidado com uma "guerra" contra gangues criminosas para pacificar o país.
A Defensoria do Consumidor emitiu "requerimentos de informação aos fornecedores das principais cadeias de farmácias, lojas de ferragens e supermercados que vendem repelentes e inseticidas contra mosquitos", afirmou a entidade em comunicado.
El Salvador está em alerta epidemiológico desde 2 de julho, após a morte de três crianças por dengue. O país registra 3.692 casos da doença este ano, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS).
O governo "agirá com firmeza caso sejam comprovados aumentos injustificados de preços ou restrições de venda", indicou a Defensoria.
"A informação requerida inclui desde inventários e compras de produtos antimosquitos até vendas e preços ao consumidor, com o objetivo de prevenir práticas abusivas", acrescentou, sem especificar o quanto os preços aumentaram.
Já o programa de mercados móveis será coordenado pelo Ministério da Agricultura (MAG) para promover vendas diretas e evitar intermediários em pontos estratégicos do país.
"A partir de agora, os agromercados do MAG estarão abertos todos os dias", escreveu Bukele na rede social X, enfatizando que será uma "compra a preços justos".
"Com este projeto, aproximamos produtores, importadores e empreendedores diretamente dos clientes", destacou.
Bukele esclareceu que "o governo é apenas um facilitador, economizando com intermediários".
Sob o slogan "Seu dinheiro rende nos MercadosAPreçosJustos!", o MAG apresentou uma lista de preços de tomate, cebola, repolho, batata, alface, cenoura, brócolis, pimentão e pepino, entre outros produtos que enfrentam aumentos de mais de 40% nas grandes lojas.
Além disso, o governo criou um aplicativo para receber denúncias na "luta contra a especulação".
- Inspeção em supermercados -
Na segunda-feira, as autoridades iniciaram inspeções em cadeias de supermercados após Bukele ordenar o combate às "máfias" empresariais devido aos aumentos de preços nunca antes registrados.
Em cadeia de rádio e televisão, o presidente instou na sexta-feira passada os "importadores, atacadistas, distribuidores e comerciantes de alimentos" a pararem com "abusos".
"Vou fazer um apelo (...) como fizemos aos gangues em 2019", quando pediu a essas gangues para interromperem a violência e os assassinatos antes de lançar uma campanha frontal contra elas, em março de 2022, advertiu o governante aos comerciantes.
"Parem de abusar do povo salvadorenho [com os preços], ou então não reclamem depois", expressou.
No domingo, Bukele anunciou que combateria as "máfias" empresariais que elevam os preços dos produtos e encarecem o custo de vida.
Após esse anúncio, foram emitidos "requerimentos de informação" às seis principais cadeias de supermercados do país.
Essas cadeias têm um prazo de 10 dias para fornecer informações sobre o aumento dos preços de 68 produtos da cesta básica, disse o chefe da Defensoria do Consumidor estatal, Ricardo Salazar.
Ao assumir seu segundo mandato em 1º de junho, Bukele prometeu melhorar a economia, embora com "remédios amargos".
* AFP