O presidente internacional da ONG Médicos Sem Fronteiras, Christos Christou, disse nesta quinta-feira (20) que a guerra no Sudão causou "uma das piores crises humanitárias" do mundo em décadas.
A guerra eclodiu em abril de 2023 entre o Exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares de seu ex-vice, o general Mohamed Hamdane Daglo.
De acordo com a ONU, o conflito causou dezenas de milhares de mortes e deslocou mais de nove milhões de pessoas.
"O Sudão está enfrentando uma das piores crises que o mundo já viu em décadas (...) e a resposta humanitária é profundamente inadequada", disse Christou em X.
"Há níveis extremos de sofrimento em todo o país e as necessidades estão aumentando a cada dia", acrescentou.
Os dois beligerantes foram acusados de crimes de guerra por alvejar deliberadamente civis, bombardear áreas povoadas e bloquear a ajuda humanitária, apesar da ameaça de fome que paira sobre milhões de sudaneses.
Grupos de direitos humanos e os Estados Unidos também acusam os paramilitares de limpeza étnica e crimes contra a humanidade.
O governo dos Estados Unidos anunciou 315 milhões de dólares (1,7 bilhão de reais) em ajuda emergencial para o Sudão na semana passada e pediram que ambos os lados permitissem o acesso humanitário, alertando que o país estava ameaçado por uma fome de magnitude histórica.
A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas Greenfield, enfatizou que a fome no Sudão poderia atingir níveis nunca vistos desde a fome etíope do início da década de 1980, que deixou 1,2 milhão de mortos.
"Vimos projeções de mortalidade de que mais de 2,5 milhões de pessoas - cerca de 15% da população - em Darfur e Kordofan, as regiões mais afetadas, poderiam morrer até o final de setembro", alertou.
* AFP