Os 22 membros do cartel petrolífero Opep+ decidiram, neste domingo (2), prolongar os cortes na produção de petróleo até o final de 2025 para sustentar os preços em um contexto de incerteza econômica e política.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, e os seus aliados, liderados pela Rússia, "vão prolongar o nível de produção" até 31 de dezembro de 2025, anunciou a aliança no final de uma reunião híbrida, na qual alguns membros participaram por videoconferência e outros participaram em Riade.
Oito membros prolongarão as suas reduções voluntárias na produção de petróleo por alguns meses, antes de as eliminarem gradualmente, anunciou o Ministério da Energia saudita.
Os cortes de 2,2 milhões de barris por dia (mbd), que afetam Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã, são prolongados até setembro de 2024 e serão "progressivamente eliminados" até setembro de 2025. Os cortes voluntários anteriores de 1,65 mbd anunciados em abril de 2023 são prorrogados até o final de 2025, especifica o comunicado de imprensa.
A Opep, o histórico cartel de produtores que inclui a Venezuela, e os seus parceiros, adotaram no final de 2022 uma estratégia de redução da oferta para tentar sustentar os preços. Os países petrolíferos tinham planejado realizar a reunião semestral de acordo com a tradição, na sede do cartel em Viena, mas acabaram por adotar um formato híbrido.
A reunião começou por volta das 09h00 (horário de Brasília) e o anúncio veio pouco depois.
A redução conjunta da produção acordada representa cerca de dois milhões de barris por dia (mbd).
Mas se somar os cortes voluntários de bombagem adotados por alguns membros, o total de petróleo que deixa de chegar ao mercado aproxima-se dos seis milhões de barris por dia.
Arábia Saudita, Rússia, Argélia, Omã, Cazaquistão, Kuwait e Iraque também implementaram esforços extras este ano para reduzir a sua produção e manterão esta política em 2025, segundo um documento publicado pela Opep+.
- "Um desafio importante" -
A modificação das quotas é fonte de discórdia na aliança e provoca debates acalorados e levou inclusive alguns países a abandonarem o cartel.
Nesta reunião, os membros estabeleceram um acordo com os Emirados Árabes Unidos para aumentar a produção em cerca de 300 mil bpd.
Mukesh Sahdev, analista da Rystad Energy, indicou que a Opep+ enfrenta "um desafio importante", ao notar que o número de barris que chegam ao mercado é provavelmente "mais do que o registrado", o que coloca em risco a estratégia do cartel.
Iraque e Cazaquistão excederam as suas quotas no primeiro trimestre e a Rússia, que está sob sanções devido à guerra na Ucrânia, reportou sobreprodução em abril.
Os preços do petróleo sofreram poucas mudanças duradouras desde a última reunião do grupo, há seis meses, e oscilam em torno de US$ 80 (R$ 419).
A Opep manteve as suas previsões para a demanda de petróleo para 2024, mas a Agência Internacional de Energia (AIE) revisou as suas projeções em baixa.
Nas suas reuniões de meio e final do ano, este cartel busca consenso entre um grupo de países muito diversos que inclui a Arábia Saudita, que é o maior exportador mundial de petróleo, e outros membros como a Venezuela, que enfrenta sanções dos EUA contra seu setor.
Neste contexto, nem sempre um acordo é possível e Angola anunciou em dezembro que iria se retirar do cartel, justamente quando o Brasil anunciou que iria aderir à Opep+ como observador.
* AFP