O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou nesta segunda-feira (10) confiança de que os franceses farão a "escolha correta" nas eleições legislativas antecipadas que ele convocou de maneira inesperada após a contundente vitória da ultradireita nas eleições europeias.
"Tenho confiança na capacidade do povo francês de fazer a escolha correta para si e para as gerações futuras. Minha única ambição é ser útil ao nosso país que tanto amo", afirmou Macron em uma mensagem publicada na rede social X.
As eleições legislativas acontecerão em 30 de junho e 7 de julho.
A França amanheceu sob o impacto de um terremoto político após a antecipação das eleições, apenas dois anos depois das últimas legislativas, motivada pela vitória do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), com 31,37% dos votos nas eleições europeias, um dos melhores resultados de sua história.
A candidata da aliança centrista de Macron, Valérie Hayer, ficou em segundo lugar com 14,60% dos votos, seguida pelos socialistas (13,83%). Na sequência, aparecem o partido França Insubmissa (esquerda radical, 9,89%), a legenda Os Republicanos (direita, 7,25%), os ecologistas (5,5%) e o partido extremista Reconquista (5,47%), segundo os números oficiais.
Os jornais franceses alertam nesta segunda-feira para a "aposta arriscada" do presidente.
"Assim como Nero incendiou a Roma antiga, Emmanuel Macron acendeu o fósforo que incendiará sua própria cidadela?", questiona o editorial do jornal liberal L'Opinion.
O partido RN já anunciou que seu candidato a primeiro-ministro, caso a legenda consiga formar o governo após as eleições, será o político que liderou sua lista e foi o grande vitorioso nas eleições europeias, o eurodeputado Jordan Bardella, 28 anos.
As eleições antecipadas não devem afetar Macron, que tem mandato como presidente até 2027, mas ele poderia ser obrigado a dividir o poder com um governo de outra tendência política pouco antes dos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
— Estas são as eleições legislativas que terão as consequências mais importantes para a França, para os franceses, na história da Quinta República, desde 1958 — declarou o ministro da Economia, Bruno Le Maire, à rádio RTL.
Desde então, dois presidentes estiveram na mesma situação durante parte de seus mandatos: o socialista François Mitterrand (1981-1995) com governos conservadores e o conservador Jacques Chirac (1995-2007) com o socialista Lionel Jospin como primeiro-ministro.
A incerteza é saber se as forças de esquerda — socialistas, ecologistas, comunistas e esquerda radical — conseguirão reeditar uma frente comum, como em 2022, que foi rompida por divergências entre sua ala mais social-democrata e o partido França Insubmissa.