Os eleitores franceses levaram o partido Reagrupamento Nacional, de extrema direita, dirigido por Marine Le Pen, a uma forte liderança no primeiro turno das eleições legislativas, de acordo com as primeiras projeções eleitorais deste domingo (30).
As estimativas das agências de pesquisa sugerem que o Reagrupamento Nacional tem uma boa chance de obter a maioria na câmara baixa do Parlamento pela primeira vez, com cerca de um terço dos votos no primeiro turno, quase o dobro dos 18% obtidos no primeiro turno em 2022.
O pleito foi convocado de forma antecipada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, depois que o seu partido foi derrotado nas eleições que aconteceram no início de junho. A convocação de Macron foi uma aposta de que os eleitores franceses, que estavam complacentes com a eleição europeia, seriam estimulados a apoiar as forças moderadas para manter a direita radical fora do poder.
Há 49,5 milhões de eleitores registrados que escolherão os 577 membros da Assembleia Nacional, a influente câmara baixa do parlamento francês.
O comparecimento às urnas foi de 59%, um índice excepcionalmente alto, faltando três horas para o fechamento das urnas. Isso representa 20 pontos percentuais a mais do que a participação na última votação do primeiro turno em 2022.
A votação ocorreu durante a tradicional primeira semana de férias de verão na França, e os pedidos de voto por correspondência foram pelo menos cinco vezes maiores do que em 2022. As primeiras projeções de pesquisa eram esperadas para as 20h (15h no horário de Brasília), quando as últimas seções eleitorais fecharem.
Segundo turno será em 7 de julho
Os eleitores foram às urnas no primeiro turno das eleições parlamentares, o que pode colocar o governo nas mãos de partidos nacionalistas e de direita radical. A votação de dois turnos, que termina em 7 de julho, pode afetar os mercados financeiros europeus, o apoio ocidental à Ucrânia e a administração do arsenal nuclear da França e da força militar global.
O segundo turno será decisivo, mas deixa em aberto grandes questões sobre como Macron compartilhará o poder com um primeiro-ministro que é contra a maioria de suas políticas.
Muitos eleitores franceses estão frustrados com a inflação e outros temas econômicos, bem como com a liderança do presidente Emmanuel Macron, visto como arrogante e distante de suas vidas. O partido Reagrupamento Nacional aproveitou esse descontentamento, principalmente por meio de plataformas on-line como o TikTok, e liderou as pesquisas de opinião pré-eleitorais.
Uma nova coalizão de esquerda, a Nova Frente Popular, também representa um desafio para Macron e sua aliança centrista. Ela inclui os socialistas e comunistas franceses, os verdes e a esquerda radical e promete reverter uma lei impopular de reforma previdenciária que aumentou a idade de aposentadoria para 64 anos, entre outras reformas econômicas.
Macron votou em Le Touquet, um resort à beira-mar no norte da França. Le Pen também votou no norte, reduto de seu partido, mas na cidade de classe trabalhadora de Hennin-Beaumont. Os eleitores em Paris pensaram em questões que vão desde a imigração até o aumento do custo de vida, já que o país está cada vez mais dividido entre os blocos de direita radical e esquerda radical, com um presidente profundamente impopular e enfraquecido no centro político. A campanha foi marcada pelo aumento do discurso de ódio.