Um grupo de legisladores americanos, incluindo a ex-presidente democrata da Câmara de Representantes Nancy Pelosi, reuniu-se nesta quarta-feira (19) na Índia com o Dalai Lama e o governo tibetano no exílio, uma visita criticada pelo governo da China.
O grupo, formado por democratas e republicanos e liderado por Pelosi e pelo congressista republicano Michael McCaul, visitou o líder espiritual budista de 88 anos em sua casa em Dharamsala, no norte da Índia.
O encontro com o Dalai Lama é "verdadeiramente uma bênção" e uma "honra", declarou Pelosi em um discurso a uma multidão de tibetanos, transmitido pela emissora do governo no exílio, Tibet TV.
O Congresso dos EUA aprovou recentemente um texto que incentiva Pequim a retomar o diálogo com os líderes tibetanos, interrompido desde 2010.
O texto deverá ser "assinado em breve" pelo presidente americano, Joe Biden, declarou Pelosi, que indicou que se trata de uma "mensagem dirigida ao governo chinês para mostrar-lhe que a nossa opinião e compreensão sobre a questão da liberdade do Tibete são claras".
Em resposta, Pequim, que defende que o Tibete faz parte do seu território, denunciou uma "interferência estrangeira" e declarou que as questões relativas ao território do Himalaia dizem respeito apenas à China.
"Pedimos encarecidamente aos Estados Unidos que reconheçam plenamente a natureza separatista antichinesa do grupo" do Dalai Lama, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, que instou Biden a "não assinar" o texto.
Por sua vez, o Dalai Lama disse aos legisladores: "somos os mesmos seres humanos, todos temos os mesmos direitos e este mundo pertence à humanidade", segundo um vídeo divulgado pelo governo tibetano no exílio.
A China anexou o Tibete em 1950 e muitos exilados tibetanos temem que Pequim nomeie um sucessor do Dalai Lama para consolidar a sua influência no território do Himalaia. O Dalai Lama, que fugiu do seu país em 1959, acabou com os poderes políticos do seu status em 2019, cedendo-os a um governo tibetano democraticamente eleito no exílio.
* AFP