A ONU alertou, nesta quinta-feira (30), sobre um "risco significativo de surtos de doenças" entre os sobreviventes do deslizamento de terra mortal em Papua-Nova Guiné, dizendo que eles não têm comida e água potável suficientes.
Seis dias depois de uma comunidade inteira em uma área montanhosa remota do país ter sido soterrada por uma avalanche de terra e pedras, a agência de migração da ONU alertou que as fontes hídricas foram contaminadas.
"Os riachos que fluem através dos escombros estão agora contaminados e representam um risco significativo de surtos de doenças", afirmou a agência em um relatório.
"Não há métodos sendo utilizados para tratar a água para torná-la segura para beber", disse a agência, alertando para o perigo de contrair malária ou sofrer de diarreia.
O deslizamento também cortou a estrada de acesso a esta zona, que ainda não foi desobstruída, o que dificultou a chegada das equipes de resgate e emergência.
Obter água potável, comprimidos de purificação e fornecimento de alimentos são as principais prioridades listadas pela Organização Internacional para as Migrações da ONU.
Desde o deslizamento de terra de 24 de maio, os sobreviventes dos vilarejos de Yambeli e Lapak têm escavado com as próprias mãos em busca de familiares.
Testemunhas afirmam que o mau cheiro dos corpos inertes tornou-se insuportável. As autoridades locais indicaram que entre seis e onze corpos foram recuperados.
O saldo oficial pode crescer exponencialmente quando chegar maquinaria pesada para escavar a área do desastre, que se estende por mais de 90 mil metros quadrados.
O governo do país estimou que o deslizamento tinha soterrado cerca de 2.000 pessoas, mas especialistas em análise de imagens de satélite, diplomatas, profissionais de emergência e autoridades locais consideram este um número exagerado.
O especialista em deslizamentos de terra da Universidade de Hull, David Petley, disse: "Este é o tipo de perda de vidas que você veria em uma cidade com um deslizamento deste tamanho."
"As imagens anteriores não sustentam a ideia de que ali havia tanta concentração de pessoas", afirmou.
O administrador provincial Sandis Tsaka disse à AFP nesta quinta-feira que o número de mortos provavelmente estava na casa das "centenas", em vez de milhares.
* AFP