Cada vez mais mulheres migram na América Latina em busca de oportunidades de trabalho e elas já representam 40% do total, em uma tendência crescente, afirmou, nesta quarta-feira (15), a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
"Isto evidencia a feminização da migração", disse a diretora regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Ana Virginia Moreira, durante a apresentação de uma nova estratégia regional até 2030.
Essas mulheres migrantes estão se deslocando "cada vez mais sozinhas e não como parte de um grupo familiar", comentou Moreira. A OIT indicou, portanto, que elas requerem "respostas diferenciadas".
"Elas realmente enfrentam uma dupla vulnerabilidade como mulheres e como migrantes", afirmou o especialista regional em migração da OIT, Francesco Carella.
Enquanto migram, as mulheres "são vítimas de violência e assédio", explicou Carella, e no destino "também são vítimas de hipersexualização", acrescentou.
Além disso, enfrentam uma "sobrecarga de responsabilidade" pelo trabalho doméstico e de cuidado não remunerado quando migram em família. A falta de recursos geralmente leva a família a priorizar a regularização migratória do homem no país de destino, deixando as mulheres na informalidade.
"A experiência migratória reforça a divisão sexual do trabalho tradicional", apontou Carella.
Na OIT, foi mencionado o exemplo das mulheres migrantes venezuelanas, que representam mais de 50% das mais de 6,5 milhões de pessoas que deixaram o país, com um perfil geralmente mais qualificado que o dos homens, mas menos oportunidades de trabalho nos países de destino.
"Eles trabalham em empregos para os quais estão superqualificadas", disse Carella.
Durante a apresentação da estratégia, Moreira destacou que uma pessoa migrante "tem três vezes mais chances de ser vítima de trabalho forçado do que uma pessoa não migrante".
Os lucros ilegais por meio do trabalho forçado de migrantes no mundo são de 37 bilhões de dólares (R$ 189,9 bilhões), segundo a OIT, e desses, 27,2 bilhões (R$ 139,7 bilhões) vêm da exploração sexual, à qual mulheres e meninas estão mais expostas.
* AFP