Treze pessoas envolvidas em uma rede de tráfico internacional de cocaína com tentáculos em Colômbia, Suriname, Itália e Espanha foram condenadas, nesta terça-feira (7), a dez anos de prisão na Costa do Marfim, anunciaram as autoridades do país africano.
As 13 pessoas de diferentes nacionalidades foram condenadas por "tráfico internacional de drogas" e "associação criminosa". Além disso, foram multadas em 50 milhões de francos CFA (cerca de R$ 413 mil) cada uma, explicou o juiz da Vara Penal Econômica e Financeira da cidade de Abidjan.
Entre os condenados está o espanhol Miguel Ángel Devesa, cérebro das operações na Costa do Marfim, bem como um político regional, César Ouattara, e um delegado de polícia, Dosso Karamoko.
Devesa também foi condenado a pagar 60 bilhões de francos CFA (cerca de R$ 500 milhões) em danos e prejuízos ao Estado marfinense.
Três empresários acusados neste caso foram condenados a 24 meses de prisão e multa de 30 milhões de francos CFA (cerca de R$ 250 mil) por "associação criminosa" e "fraude fiscal", completou a corte.
Em abril de 2022, mais de duas toneladas de cocaína foram apreendidas nas cidades portuárias de Abidjan e San-Pédro, um recorde para o país.
"Não é uma boa decisão", disse o advogado de Devesa, Zakaria Touré, à AFP, assegurando que apelaria.
Em um comunicado, a procuradora da República, Nina Kamagaté, explicou que a investigação revelou "uma ampla rede de tráfico de droga [cocaína] entre Suriname, Colômbia, Itália, Espanha e nosso país", Costa do Marfim.
A rede de narcotráfico tinha membros na América do Sul, incluindo um da Venezuela, além de África e Europa.
"A droga encontrada [em 2022] tanto em San-Pédro quanto em Abidjan tem como origem o Suriname" e "pertence a um cartel colombiano que decidiu transformar a Costa do Marfim em um país de trânsito no tráfico de droga", acrescentou.
"A cocaína tinha como destinos principais Europa, Índia e Austrália", enquanto "uma parte se destinava ao consumo local", detalhou.
A procuradora lembrou que a polícia descobriu "um verdadeiro laboratório de envase de drogas", em um apartamento de Koumassi, município ao sul de Abidjan, ponto de partida da investigação.
O lugar foi alvo de buscas em abril de 2022, durante uma batida policial por atos de violência cometidos contra uma mulher por um dos 13 condenados, o venezuelano Gustavo Valencia Sepúlveda.
Os condenados têm 20 dias para recorrer da sentença.
* AFP