O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, que havia anunciado em 11 de março que renunciaria assim que as novas autoridades fossem empossadas, oficializou sua saída nesta quinta-feira (25) em uma carta.
O país caribenho tem sofrido uma explosão de violência desde o final de fevereiro, quando gangues poderosas lançaram ataques a delegacias de polícia, prisões, sedes oficiais e ao aeroporto de Porto Príncipe, em uma repressão ao contestado Henry. Esses grupos criminosos, que controlam mais de 80% da capital, cometem assassinatos, estupros, saques e sequestros. Entre janeiro e março, mais de 2,5 mil pessoas foram mortas ou feridas.
"Agradeço ao povo haitiano pela oportunidade de servir ao nosso país com integridade, sabedoria e honra. O Haiti renascerá", escreveu Henry na carta.
Os nove membros do Conselho Presidencial de Transição do Haiti, encarregados de restaurar a ordem do país abalado pela violência das gangues, prestaram juramento nesta quinta-feira no Palácio Nacional e estão prontos para serem empossados.
Enquanto se aguarda a nomeação de um novo primeiro-ministro pelo Conselho Presidencial nos próximos dias, o Haiti funcionará com um governo interino nomeado na quarta-feira (24).
Violência
De acordo com as Nações Unidas, cerca de 360 mil haitianos estão deslocados internamente em um país com cerca de 11,6 milhões de habitantes. A violência das gangues forçou 95 mil pessoas a fugirem da capital e mergulhou cinco milhões em uma "fome aguda", de acordo com especialistas da ONU.
Henry, o líder não eleito do país desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021, concordou em renunciar em meados de março e ser substituído pelo Conselho, que consiste em sete membros votantes de todo o espectro político do Haiti e dois observadores sem direito a voto.
A formação dessas novas autoridades foi confirmada em 12 de abril, após semanas de desentendimentos entre seus membros e com o governo cessante.
Ainda não se sabe se o Conselho conseguirá chegar a um consenso sobre a nomeação de um primeiro-ministro e entregar o poder a um governo eleito até fevereiro de 2026.
O país, assolado pela pobreza e pela violência, não realiza eleições desde 2016.
Também não se sabe como as gangues do país reagirão ao novo conselho, depois de expressarem descontentamento por terem sido excluídas das negociações de transição.