O presidente da Argentina, Javier Milei, declarou que não falou, exatamente, sobre dolarização, e sim em concorrência de moedas, mas admitiu que para se chegar a esse momento é preciso fazer várias reformas, entre elas, a do sistema financeiro. Em entrevista ao programa Oppenheimer Presenta da CNN em espanhol, veiculada no domingo (31), o ultraliberal sugeriu que o plano, ecoado em sua campanha, deve ficar para 2025.
— Nós temos sempre falado da concorrência das moedas. E nessa competição, se você for levado a impor uma moeda, a moeda que será imposta, pelas preferências dos argentinos, é muito provável que seja o dólar. Por isso, se habituou à dolarização. Mas, na realidade, nós sempre falamos de concorrência de dinheiro. O que estamos trabalhando é em uma reforma do sistema financeiro, mas é uma meta realizável antes das eleições do ano que vem — disse, sugerindo, contudo, que não acredita que será possível chegar ao plano de dolarização antes das eleições legislativas do ano que vem.
Milei disse que um dos erros de seu governo foi ter falado de maneira transparente e honesta com os governadores sobre a "Lei Bases", que agregou o capítulo 4 sobre a lei fiscal para ajudá-los, basicamente a resolver um problema.
— Os governadores, em vez, de tomar como um gesto de boa vontade, que é o que era, viram como um sinal de debilidade e se esforçaram para trabalhar no capítulo 4 para destruir as finanças públicas.
Aproximação com Trump
Ainda na entrevista, Milei disse que está mais próximo das ideias do Partido Republicano nos Estados Unidos.
— Esse é o ponto. Isso é certo e isso é conhecido. Mas minha prioridade é ser aliado dos Estados Unidos — disse o presidente da Argentina, em resposta a uma pergunta do apresentador Andrés Oppenheimer se o mandatário argentino não considerava um erro diplomático ter se reunido com Donald Trump, que busca novamente disputar a Casa Branca pelo Partido Republicano.
Milei enfatizou que tem uma "excelente relação com o governo de Biden", referindo-se ao atual presidente dos EUA, que tenta disputar a reeleição pelo Partido Democrata.
O presidente argentino disse ainda que fica enaltecido por receber críticas do atual presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que classificou como um "ignorante". Também chamou o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de "assassino terrorista, um comunista". Milei disse que não concorda com a postura de outros presidentes que classificaram a investida de Israel na Faixa de Gaza como "genocídio". Para o presidente argentino, tudo o que Israel está fazendo, "está fazendo dentro das regras do jogo... não está cometendo nem um único excesso".