Na segunda-feira (22), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, revelou o modelo da cédula de votação para as eleições presidenciais, marcadas para 28 de julho. A imagem dele aparece 13 vezes, ocupando todo o topo do documento. Maduro, que assumiu o país após a morte de Hugo Chávez em 2013, busca seu terceiro mandato, sob acusações de manipular o pleito e impedir o registro de concorrentes a fim de manter-se no poder.
A cédula apresentada no domingo tinha 13 candidatos representando 37 partidos. O prazo para alterações nas candidaturas encerrou na terça-feira e o número de concorrentes ainda pode mudar quando as eventuais mudanças forem efetivadas, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Durante a transmissão do programa Con Maduro + na emissora estatal Venezolana de Televisión (VTV), Maduro contestou o rótulo de "candidato único" devido ao destaque da sua imagem, argumentando que as 13 fotos correspondem aos 13 movimentos políticos que o apoiam, abrangendo diversas ideologias, como esquerda, marxismo-leninismo, comunismo, cristianismo, movimentos sociais e ecologismo.
Maduro avaliou que a oposição também possui amplo espaço na cédula, com 24 partidos políticos inscrevendo 12 candidaturas.
— Temos um candidato apoiado por 13 movimentos, enquanto eles têm 12 candidatos de 24 partidos que dividiram a oposição — afirmou.
A cédula venezuelana apresenta os partidos participantes da eleição e a imagem do candidato que representa a legenda se repete a cada espaço. A principal aliança de oposição a Maduro, a Plataforma Democrática Unitária (PUD), registrou Edmundo González Urrutia, que aparece três vezes no cartão.
De acordo com o CNE, a posição dos partidos na cédula leva em conta a data de fundação da sigla e os votos obtidos nas eleições de 2020. Naquele pleito, que foi boicotado pela oposição devido a alegações de fraudes, o Grande Polo Patriótico Simón Bolívar, liderado por Maduro, conquistou mais de 90% das cadeiras na Assembleia Nacional.
Ainda para defender-se das acusações de manipular a eleição, Maduro comparou a cédula de votação deste ano com a apresentada pelo CNE em 2012, durante a campanha de reeleição de Hugo Chávez (1954-2013).
— Chávez formou uma aliança de 12 movimentos e partidos políticos. Mas Henrique Capriles (candidato da oposição naquele ano) aparecia em 24 fotos de partidos da oposição — disse, exibindo o documento utilizado na época, mas errando o número: Capriles estava presente 22 vezes.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a repetição das imagens dos candidatos nas cédulas realmente não começou com a atual administração. Em 1993, por exemplo, já se utilizava esse método, em que cada partido tinha seu próprio espaço e a foto do mesmo candidato era mostrada em diferentes siglas de uma aliança. O eleito naquela ocasião, Rafael Caldera (falecido em 2009), aparecia 17 vezes na cédula, que tinha 48 espaços.