- Segundo a rede estatal iraniana, o sistema de defesa aéreo iraniano foi ativado devido à detecção de explosões principalmente na região de Isfahan
- A mídia dos Estados Unidos afirma que Israel lançou um ataque contra o Irã, em resposta aos 300 mísseis e drones iranianos direcionados a Israel no fim de semana
- Os dois países ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto
Israel lançou um ataque contra o Irã, reportou a imprensa norte-americana na noite desta quinta-feira (18), citando funcionários do alto escalão dos Estados Unidos em anonimato. De acordo com o jornal The New York Times, autoridades israelenses confirmaram, de forma anônima, o ataque ocorrido na manhã desta sexta (no horário do Irã). A imprensa iraniana afirmou que o sistema de defesa aéreo do Irã foi acionado devido a explosões com origem desconhecidas. As informações são do jornal O Globo e do portal g1.
Até a última atualização desta reportagem, não havia confirmação oficial de nenhum dos países sobre eventuais ataques.
No último sábado (13), Israel havia informado que conduziria uma resposta ao ataque promovido pelo Irã no fim de semana. Na ocasião, 300 mísseis e drones iranianos foram lançados contra Israel. A maioria foi interceptado. A então ofensiva do Irã aconteceu após um ataque, no início de abril, que destruiu o consulado iraniano na cidade de Damasco e que foi atribuído a Israel.
Explosões foram ouvidas principalmente na cidade de Isfahan, região a 450 quilômetros da capital Teerã e onde há instalações nucleares, afirmou uma agência de notícias do Irã. Em razão disso, voos foram suspensos em várias cidades.
O porta-voz da agência espacial iraniana, Hossein Dalirian, afirmou que vários drones foram "abatidos com sucesso" pela defesa aérea e assinalou que não havia indícios de "um ataque com mísseis por enquanto".
De acordo com uma emissora de TV do Irã, nenhuma explosão aconteceu em solo, em Isfahan, e as instalações nucleares iranianas seguem ilesas. Além disso, a agência oficial de notícias Irna afirmou que não se registraram "grandes danos" após as explosões ouvidas na região. Ao The New York Times, porém, autoridades iranianas disseram, em anonimato, que uma base militar aérea perto de Isfahan foi atingida. Elas afirmaram ainda que o ataque foi realizado por pequenos drones.
A agência de notícias iraniana Tasnim negou que o país tenha sofrido um ataque vindo do Exterior. "Não há informações de um ataque a partir do Exterior contra Isfahan ou qualquer outro ponto do Irã", afirmou, citando "fontes informadas".
A agência Irna relatou que os dois aeroportos de Teerã retomaram as atividades ao longo da manhã.
Segundo uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters, as explosões seriam resultado da ação do sistema de defesa.
As redes de TV norte-americanas ABC, CNN e CBS News foram as primeiras a reportar sobre um possível ataque de Israel ao Irã. NBC e CNN, citando fontes familiarizadas com o assunto e um oficial americano, respectivamente, disseram que Israel havia fornecido a Washington um aviso prévio do ataque.
À agência de notícias AFP, o exército israelense disse que não fariam "nenhum comentário neste momento" sobre as explosões.
Por volta das 23h45min de quinta (18), as Forças de Defesa de Israel divulgaram que sirenes foram acionadas no norte do país, na fronteira com o Líbano. Não há detalhes, porém, se há alguma relação com as explosões no Irã.
A agência estatal de notícias da Síria disse que o país foi alvo de um ataque a mísseis nesta sexta-feira (19). A instituição responsabilizou Israel pelo bombardeio.
*Esta matéria está em atualização.
Tensão crescente no Oriente Médio
Estes acontecimentos ocorrem em um momento de tensão máxima no Oriente Médio, com temores de uma expansão regional da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
No sábado passado (13), o Irã realizou o seu primeiro ataque direto contra Israel, lançando pelo menos 300 drones e mísseis que as forças israelenses interceptaram em totalidade. As autoridades de Teerã alegaram estar agindo em "defesa legítima" após o bombardeio mortal contra seu consulado em Damasco em 1º de abril, que o Irã atribui a Israel.
O ataque na capital síria levou à morte de sete membros da Guarda Revolucionária da República Islâmica, incluindo dois generais, disse Teerã. Segundo a rádio israelita Kan, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tinha planeado uma resposta rápida ao ataque, mas revisou os planos depois de falar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O principal aliado de Israel pediu moderação ao impor sanções contra "o programa de drones, a indústria siderúrgica e as montadoras do Irã".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, já havia denunciado a "escalada perigosa" na região e alertado que "o Oriente Médio está à beira de um precipício”.
— Estamos à beira de uma guerra no Oriente Médio que irá abalar o resto do mundo — concordou, com preocupação, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, que preside uma reunião dos seus homólogos do G7 (grupo das principais potências ocidentais) na ilha de Capri, apelou nesta sexta a uma "desescalada".
— Convidamos todos a terem cautela e a evitarem uma escalada. O G7 quer uma desescalada total numa região sob grande tensão — declarou o ministro italiano à emissora pública RAI.
Os ministros do G7 (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Itália) reúnem-se, nesta sexta, no último dia de conferência, para falar sobre o Indo-Pacífico (Taiwan, Filipinas, Mar da China). Tajani, porém, confirmou que a situação no Irã será abordada.