Os eslovacos elegem neste sábado (6) o seu próximo chefe de Estado, no segundo turno de uma acirrada eleição presidencial marcada pelas divisões sobre a continuidade do apoio à vizinha Ucrânia.
Os dois candidatos finalistas são o ex-ministro das Relações Exteriores Ivan Korcok, pró-ocidental, e Peter Pellegrini, presidente do Parlamento e aliado do governo de Bratislava, que após sua chegada ao poder em outubro cortou a ajuda militar à Ucrânia, com a qual a Eslováquia compartilha uma pequena fronteira.
A eleição anuncia-se muito apertada, já que as pesquisas do instituto Focus dão 51% de intenção de voto a Pellegrini, de 48 anos, e 49% a Korcok, de 60 anos.
O vencedor sucederá a presidente cessante, Zuzana Caputova, que decidiu não disputar um segundo mandato.
O antieuropeu e pró-soviético Stefan Harabin, que há duas semanas ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 12% dos votos, não apoiou nenhum dos dois candidatos finais.
"É pouco provável que Ivan Korcok recupere seus votos", disse à AFP o cientista político Tomas Koziak.
Segundo uma pesquisa da agência AKO, mais de dois terços dos eleitores de Harabin apoiarão o candidato Peter Pellegrini.
Na Eslováquia, o chefe de Estado tem funções essencialmente protocolares, mas é responsável pela ratificação dos tratados internacionais, nomeia os principais juízes e exerce as funções de comandante-chefe do Exército. Pode também vetar as leis aprovadas pelo Parlamento.
- "Salvar o governo" -
A invasão russa da Ucrânia, há mais de dois anos, tornou-se um importante tema de campanha neste país centro-europeu de 5,4 milhões de habitantes, membro da UE e da Otan.
Especialmente desde que o primeiro-ministro populista Robert Fico, aliado de Pellegrini, questionou a soberania de Kiev e pediu paz com Moscou.
Pellegrini foi ministro nos governos anteriores de Fico e até o substituiu à frente do Executivo em 2018.
"Estou concorrendo à presidência para salvar o governo de Robert Fico", declarou ele em um debate televisivo com Korcok.
"Você quer proteger o governo. Eu quero proteger a Eslováquia", replicou seu rival.
O governo que atua desde outubro, composto pelo partido Smer de Fico, a formação Hlas de Pellegrini e o pequeno partido de extrema direita SNS, interrompeu a ajuda militar à Ucrânia.
"Ivan Korcok é um belicista que apoiará sem duvidar de tudo o que o Ocidente lhe disser, incluindo arrastar a Eslováquia à guerra", afirmou Fico em um vídeo.
"A cena política eslovaca está dividida entre aqueles que apoiam a continuação da guerra a qualquer custo e aqueles que exigem o início de negociações de paz", declarou Pellegrini à AFP. "Pertenço à segunda categoria", explicou.
Korcok, muito crítico do governo de Fico e apoiado pela oposição, mostra-se decididamente a favor de Kiev.
"A Federação Russa pisou no direito internacional (...) Não creio que a Ucrânia tenha que renunciar a uma parte de seu território para conseguir a paz", declarou Korcok à AFP.
* AFP