Shehbaz Sharif foi eleito neste domingo (3) o primeiro-ministro do Paquistão, cargo que ocupará pela segunda vez, após as últimas eleições legislativas, cujo resultado foi questionado pelos apoiadores do ex-líder preso Imran Khan.
Shehbaz Sharif liderou o governo pela primeira vez entre 11 de abril de 2022 e 13 de agosto de 2023.
Sharif, de 72 anos, foi eleito por 201 votos, mais que o dobro dos 91 obtidos pelo seu rival Omran Ayub Khan, o candidato apoiado pelo ex-primeiro-ministro Imran Khan, três semanas depois das eleições de 8 de fevereiro, marcadas por suspeitas de fraude.
Khan, um popular ex-jogador de críquete, precedeu Shehbaz Sharif como primeiro-ministro entre 2018 e 2022, quando foi deposto por uma moção de censura. Depois disso, Shehbaz Sharif foi chefe do governo de abril de 2022 a agosto de 2023.
Para estas eleições, Imran Khan, preso desde agosto e condenado a longas penas de prisão, foi inabilitado, mas os candidatos independentes que apoiou obtiveram o maior número de cadeiras na Assembleia Nacional.
Segundo Khan, a eleição foi manipulada por iniciativa do Exército, muito influente no país, para impedir que seu partido tomasse o poder.
O partido de Shehbaz Sharif, a Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), ficou em segundo lugar, e teve que chegar a um acordo de coalizão com o seu rival histórico, o Partido Popular do Paquistão (PPP), liderado por Bilawal Bhutto.Zardari, e com outros partidos para conseguir governar.
O partido de Imran Khan, o Paquistão Tehreek-e-Insaf (PTI), lançou um recurso na Justiça para denunciar as supostas manipulações, embora tenha poucas chances de governar.
Por ter obtido cadeiras suficientes para poder governar sozinho, o PTI recusou-se a aliar-se a outras formações, que chamou de "ladrões de mandatos".
A princípio, pensava-se que o irmão mais velho de Shehbaz, Nawaz Sharif, que voltou ao Paquistão em outubro depois de passar quatro anos no exílio em Londres, voltaria a liderar o país, que já governou três vezes. Mas, aparentemente, o fato de o PML-N ter ficado na segunda posição o dissuadiu.
Este domingo, durante a agitada sessão parlamentar, que ficou marcada por insultos proferidos por deputados simpáticos a Sharif e Khan, o recém-eleito primeiro-ministro dedicou as suas primeiras palavras ao irmão mais velho. "Agradeço por me escolher para esta posição", disse Shehbaz Sharif ao parlamento.
- Uma legislatura complicada -
Shehbaz Sharif tomará posse na segunda-feira para um mandato de cinco anos, embora nenhum primeiro-ministro paquistanês tenha cumprido o fim do seu mandato.
O novo primeiro-ministro não terá facilidades em governar, devido às dificuldades em liderar uma coalizão diversificada e, também, pela grave situação econômica que o país enfrenta e pela situação de insegurança que se arrasta há alguns meses. Ele também terá que lidar com a longa sombra do exército.
"Se decidirmos conjuntamente mudar o destino do Paquistão [...] seremos capazes de superar coletivamente esses desafios, altos como os Himalaias e vastos como os oceanos", disse Shehbaz Sharif neste domingo perante os deputados.
Sob o seu primeiro governo, o Paquistão, profundamente endividado e com falta de liquidez, quase entrou em inadimplência e precisou recorrer a um novo pacote do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Agora, com a inflação perto dos 30% há mais de um ano - embora tenha começado recentemente a diminuir - e o crescimento econômico que não deve ultrapassar os 2% em 2024, segundo o FMI, um novo plano de ajuda dessa organização parece inevitável.
A composição do novo governo deve ser anunciada nos próximos dias.
* AFP