O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, lamentou neste domingo (17) a falta de eleições "livres e justas" na Rússia, onde Vladimir Putin foi reeleito com 87% dos votos.
Em uma mensagem no X (antigo Twitter), Cameron denunciou "a organização ilegal de eleições no território ucraniano, e a falta de opções para os eleitores", além da "ausência de controle independente da OSCE", a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.
Críticas surgiram em diversos países. Os Estados Unidos afirmaram que a eleição "obviamente não foi livre nem justa". O país ainda disse que "Vladimir Putin prendeu seus oponentes e impediu que outros concorressem contra ele", segundo o g1.
Os três dias de votação foram marcados por um aumento dos bombardeios mortais ucranianos, incursões de milícias pró-Ucrânia em território russo e atos de vandalismo em colégios eleitorais.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamou a votação de "imitação de eleições". Ele ainda criticou Putin e fez referência ao Tribunal Penal Internacional de Haia, que já pediu pela prisão do presidente russo por crimes de guerra. "Essa pessoa deveria ser julgada em Haia. É isso que temos de garantir", disse Zelensky em publicação no X.
O Ministério Exterior da Alemanha havia comentado sobre a corrida presidencial antes do resultado ter sido divulgado. Na mesma rede social, o gabinete chamou o processo eleitoral de "pseudo-eleição", e caracterizou o governo de Putin como "autoritário". Para a Alemanha, o presidente russo se apoia em "censura, repressão e violência".
O Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido também usou o X para criticar o resultado. "A Rússia demostra que não está interessada em encontrar um caminho para a paz", disse a pasta, em relação à Ucrânia. "O Reino Unido continuará a fornecer ajuda humanitária, econômica e militar aos ucranianos que defendem a sua democracia."
A Polônia também criticou o processo eleitoral no país. "A eleição presidencial russa não é legal, livre e justa", disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado, acrescentando que a votação ocorreu em meio a "duras repressões" e nas partes ocupadas da Ucrânia, violando o direito internacional.
Novo mandato para Putin
Vladimir Putin recebeu 87,97% dos votos nas eleições presidenciais da Rússia, de acordo com resultados preliminares anunciados pela comissão eleitoral russa. Esses primeiros resultados foram baseados na contagem das cédulas com 24,4% das seções eleitorais apuradas, afirmou a chefe da comissão eleitoral, Ella Pamfilova, na televisão estatal.
Os mandatos presidenciais na Rússia são de seis anos, ou seja, Putin deverá ficar no poder até 2030. Ele está há 24 anos no poder e é o líder mais longevo da história da federação. A vitória acontece em um contexto de repressão, morte do opositor Alexei Navalny e conflito com a Ucrânia - que dura mais de dois anos e não tem previsão de acabar.
Putin afirmou em sua primeira aparição pública após a votação que seu país não será "intimidado" nem "suprimido". Ele também citou pela primeira vez a morte de Alexei Navalny, que afirmou ser "um acontecimento triste".
— Nunca ninguém conseguiu fazer isso na história. Isso não funcionou hoje e não funcionará no futuro. Nunca — assegurou Putin em um discurso televisionado.
Ele também citou pela primeira vez a morte de Alexei Navalny, que afirmou ser "um acontecimento triste".
Ao mencionar o nome de Navalny em público pela primeira vez em anos, Putin disse durante uma coletiva de imprensa televisionada:
— No que diz respeito ao senhor Navalny. Sim, ele faleceu. É um acontecimento triste.
— Dias antes da morte do senhor Navalny, alguns colegas me disseram... Há uma ideia de trocar Navalny por algumas pessoas presas em países ocidentais... E eu disse que estava de acordo — acrescentou.