Aproximadamente 5,4 milhões de eleitores em El Salvador são esperados para eleger o presidente e 60 membros da Assembleia neste domingo (4). Nayib Bukele, atual chefe do Executivo, é o favorito com mais de 80% das intenções de voto, de acordo com a projeção mais recente. As informações são do portal g1.
Desde 2022, o país permanece em um estado de exceção. Mais de 70 mil pessoas foram detidas sob a suspeita de envolvimento em atividades de gangues, e, para tanto, foi construída uma prisão de segurança máxima, onde mais de cem reclusos são mantidos em suas celas sem colchões. Essa abordagem tem sido eficaz pelos olhos da população, refletindo em uma taxa de aprovação em torno de 90%.
A projeção mais recente de intenções de votos da Universidad Centroamericana José Simeón Cañas é a seguinte:
- Novas Ideias (Bukele): 81,9%
- FMLN (esquerda): 4,2%
- Arena (direita tradicional) 3,4%
- Nosso Tempo: 2,5%
- Força Solidaria: 1,1%
- Frente Patriótica Salvadorenha: 1%.
Alguns desses partidos enfrentam a possibilidade de extinção devido a uma cláusula que exige a obtenção de pelo menos 50 mil votos válidos nas eleições legislativas. Prevê-se que o partido de Bukele conquiste 57 das 60 cadeiras da Assembleia.
Bukele ocupa a presidência desde 2019, e durante seu mandato, tem criticado fortemente os dois partidos mais estabelecidos, a FMLN e a Arena, acusando-os de corrupção. Dois ex-presidentes da Arena enfrentaram processos por lavagem de dinheiro e peculato. Eles buscaram refúgio na Nicarágua, onde foram concedidos status de nacionalidade.
Quem é Nayib Bukele
Nayib Bukele, 42 anos, considerado o favorito para ganhar as eleições neste domingo, é filho de um empresário com ascendência palestina. Antes de entrar na política, trabalhou em uma agência publicitária pertencente a sua família.
Na agência, assumiu a gestão da conta de um partido político de esquerda que, em seu início, tinha origens guerrilheiras: a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que na época detinha o controle político.
Bukele fez a transição de profissional de marketing para político dentro da FMLN: ele lançou sua candidatura para prefeito de uma cidade pequena, Nuevo Cuscatlan, e saiu vitorioso. Durante seu mandato na prefeitura, ele conseguiu reduzir os índices de homicídios e destinava seu salário para beneficiar estudantes bolsistas. Foi nesse período que Bukele começou a utilizar ativamente as redes sociais para sua promoção pessoal.
Em 2015, conquistou a posição de prefeito de San Salvador, a capital do país. Ele ganhou destaque rapidamente ao revitalizar o centro histórico e estabelecer uma biblioteca. Embora Bukele fosse considerado uma estrela em ascensão na política de El Salvador, em 2017, surgiram desentendimentos entre ele e a FMLN. O partido alegou que Bukele era um político polarizador e violou o estatuto da FMLN, resultando em sua expulsão.
Isso fez com que Bukele se juntasse a um partido de orientação política de direita. Durante sua campanha presidencial, comprometeu-se a abordar os problemas de violência em El Salvador. Bukele foi eleito presidente em 2019.
Medidas controversas
Em junho de 2019, logo após assumir o cargo, utilizou o Twitter para demitir aproximadamente 400 funcionários públicos, alegando que estavam envolvidos em práticas nepotistas ou tinham ligações com a esquerda.
Em 2020, durante discussões parlamentares sobre um pacote de US$ 109 milhões para combater o crime, Bukele enviou policiais para o prédio legislativo. Ao se apossar da cadeira do presidente da Câmara, afirmou:
— Agora, acredito que está claro quem está no controle.
Quando deixou o edifício, encontrou um grande grupo de apoiadores.
Críticas internacionais surgiram quase imediatamente. A revista The Economist, uma das mais influentes do mundo, afirmou que ele buscava se tornar o primeiro ditador da América Latina da geração millennial.
A população de El Salvador não demonstrou preocupação. Seu foco estava no pacote de combate ao crime, e os legisladores aprovaram o projeto.
Durante seu mandato, Bukele implementou várias decisões controversas para um Estado democrático. Algumas das medidas incluíram:
- Suspensão das liberdades civis como medida de combate às gangues;
- Prisão em massa de suspeitos, baseando-se na suspeita de pertencerem a gangues;
- Apoio às iniciativas da Assembleia para destituir juízes e o procurador-geral;
- Imposição do bitcoin como moeda legal.
Críticos argumentam que, a longo prazo, essas políticas não demonstram eficácia. Um deles é o analista político mexicano Carlos Perez, que declara que o encarceramento em massa, por exemplo, é "tão perigoso quanto atrativo para milhões".
— Um modelo baseado em encarceramento em massa simplesmente não é sustentável — defendeu.