A presidente da Hungria, Katalin Novak, anunciou sua renúncia neste sábado (10). A chefe de Estado vinha sofrendo pressões da população e de partidos da oposição para deixar o cargo desde o início de fevereiro, quando o indulto a uma pessoa envolvida em um caso de abuso sexual de crianças foi revelado pela imprensa local.
— Estou renunciando ao meu cargo — declarou.
— Peço desculpas a quem magoei e a todas as vítimas que possam ter tido a impressão de que não as apoiei. Sou, fui e continuarei sendo a favor da proteção das crianças e das famílias — acrescentou a ex-ministra dos Assuntos da Família, de 46 anos.
A polêmica eclodiu no início de fevereiro, por ter sido divulgado pelo portal de notícias 444. O caso, no entanto, ocorreu em abril de 2023, quando o indulto foi concedido ao ex-vice-diretor de um lar de menores, condenado em 2022 a mais de três anos de prisão por encobrir os abusos sexuais do diretor com crianças e adolescentes. A decisão presidencial aconteceu durante a visita do papa Francisco a Budapeste, capital húngara.
Novak tornou-se a primeira mulher presidente da Hungria em 2022, uma função principalmente protocolar. No país, o primeiro-ministro — selecionado pelo presidente — é quem escolhe os membros do governo e somente ele pode os dispersar.
Poucos minutos depois da demissão, outra aliada do primeiro-ministro Viktor Orbán, Judit Varga, também anunciou a sua "retirada da vida pública" por ter aprovado o indulto como ministra da Justiça, cargo que já havia abandonado para liderar uma candidatura às eleições para o Parlamento Europeu. "Renuncio ao meu cargo de deputada e chefe de lista do Parlamento Europeu", diz publicação no Facebook.