O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá na sexta-feira (1º) com os colegas venezuelano, Nicolás Maduro, e boliviano, Luis Arce, durante a reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) na ilha de São Vicente e Granadinas.
Lula tem tentado fazer o papel de mediador entre a Venezuela e a Guiana na disputa centenária pelo Essequibo, um território de 160.000 km² rico em petróleo e minerais sob administração guianense e que Caracas reivindica como seu.
No entanto, ele afirmou que não abordou a disputa territorial ao se encontrar nesta quinta-feira com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em Georgetown, e que também não o fará durante seu encontro na sexta-feira com Maduro em Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas.
"O presidente da Guiana sabe, assim como o presidente Maduro, que o Brasil está disposto a conversar com eles na hora em que for necessário, porque nós queremos convencer as pessoas de que é possível, através de muito diálogo, encontrar a manutenção da paz", disse o presidente aos jornalistas ao fim da reunião com Ali.
Mas Lula revelou que a reunião com Maduro, prevista para as 13h30 locais (14h30 de Brasília) "não é para isso. Vou discutir a Celac".
Lula chegou nesta quinta-feira a Kingstown vindo de Georgetown, onde na quarta-feira participou como "convidado especial" do encerramento da reunião de governantes dos 15 países da Comunidade do Caribe (Caricom).
Lula, que retornou ao poder em janeiro de 2023, recebeu Maduro em maio com honras em Brasília, à margem de uma cúpula sul-americana. Naquela ocasião, o petista causou polêmica ao afirmar que as denúncias de autoritarismo na Venezuela eram uma "narrativa".
O presidente brasileiro retomou os laços diplomáticos com o governo Maduro, rompidos por seu antecessor, Jair Bolsonaro (2019-2022).
Em seguida, Lula se encontrará com o presidente boliviano, Luis Arce, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Mais cedo, Lula participará de uma reunião sobre a situação em Gaza com Petro, que assim como ele acusa o Exército israelense de cometer "genocídio" no território palestino.
Na reunião também estarão presentes os ministros das Relações Exteriores do Chile, Alberto van Klaveren, e do México, Alicia Bárcena.
Mais de 30.000 pessoas, a maioria mulheres e crianças, morreram devido às operações militares israelenses em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Hamas.
Neste dia, membros do grupo islamista mataram cerca de 1.160 pessoas em Israel, na maioria civis, segundo cálculos da AFP com base em dados oficiais israelenses.
- Disputa sobre Essequibo continua -
Sobre a disputa entre Venezuela e Guiana, Lula avaliou que está longe de ser resolvida: "É uma questão que já passou pela justiça, já passou pela ONU", mas o Brasil está disposto a trabalhar para que se possa "encontrar uma solução da forma mais amigável possível".
Após a reunião com Irfaan Ali, Lula desejou uma integração maior com a Guiana e disse que "a estratégia" do Brasil é não apenas contribuir para o desenvolvimento, mas também trabalhar para manter a América do Sul como uma região de paz: "Não precisamos de guerras".
As tensões aumentaram após a realização de um referendo sobre a soberania do Essequibo em 3 de dezembro na Venezuela, que impulsionou a criação de um estado no território, algo visto por Georgetown como uma tentativa de anexação.
Maduro e Ali estiveram frente a frente em 14 de dezembro em São Vicente e Granadinas, em uma primeira tentativa de reduzir a tensão. No fim de janeiro, Brasília recebeu os chanceleres dos dois países para discutir a crise.
As tensão diminuiu após essa reunião, mas voltou a aumentar neste mês, depois que a empresa ExxonMobil anunciou a perfuração de dois poços em águas disputadas.
* AFP