O ex-presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, crítico ferrenho do atual governante Kais Saied, foi condenado, a revelia, a oito anos de prisão por tentativa de "provocar desordem" no país, informaram meios de comunicação locais na noite desta sexta-feira (23).
A sentença foi ditada pela Câmara Criminal do Tribunal de Primeira Instância de Tunes, segundo as fontes.
Marzouki, radicado na França e primeiro presidente eleito democraticamente na Tunísia após a revolução de 2011, foi processado por declarações que publicou nas redes sociais, segundo a imprensa local.
O tribunal o declarou culpado de tentar "mudar a forma de governo", "incitar a população a se armar" e "provocar desordem e saques no país", informou a rádio privada Mosaique FM, citando uma fonte judicial.
Marzouki também foi condenado, no final de 2021, a quatro anos de prisão por "atentar contra a segurança do Estado no estrangeiro", após pedir, em Paris, que a França se recusasse a apoiar o presidente Saied.
Kais Saied assumiu plenos poderes em junho de 2021, ao destituir o primeiro-ministro e fechar o Parlamento. Depois disso, Marzouki fez várias aparições na televisão e nas redes sociais para classificar o governante de "golpista" e "traidor".
Opositor histórico da ditadura de Ben Ali e primeiro presidente após a revolução desencadeada pela Primavera Árabe, Marzouki simboliza a luta pela democracia na Tunísia, embora sua imagem tenha se enfraquecido por sua polêmica aliança com o partido islâmico conservador Ennahdha.
* AFP