O presidente do Equador, Daniel Noboa, se distanciou dos métodos de seu contraparte de El Salvador, Nayib Bukele, em sua luta contra as facções do narcotráfico, que empreenderam uma nova investida no país sul-americano que já deixou 18 mortos em seis dias.
"O Equador tem uma realidade diferente. É um país multicultural, tem problemas diferentes, alguns são similares, outros são diferentes e acredito que temos uma forma de pensar diferente", disse o mandatário em declarações à BBC e divulgadas pela secretaria de Comunicação da Presidência.
Assim como Bukele, Noboa declarou, esta semana, guerra contra vinte organizações criminosas, com cerca de 20.000 membros que espalham o terror desde domingo com rebeliões carcerárias, guardas penitenciários tomados como reféns por presos e ataques com explosivos.
O equatoriano também construirá duas prisões de segurança "supermáxima" com capacidade para mais de 3.000 pessoas, com o objetivo de isolar os presos mais violentos, dentro de seu plano de assumir o controle das penitenciárias convertidas em centros de operações para o tráfico de drogas para os Estados Unidos e Europa. Também planeja construir navios prisionais no mar, com o mesmo objetivo.
"Acredito que a forma com a qual devemos resolver os problemas é à maneira equatoriana, não à maneira salvadorenha", insistiu Noboa, autoproclamado de centro esquerda e apoiado por forças de direita.
O mandatário equatoriano costuma ser comparado a Bukele, criticado por organizações de direitos humano por suas prisões arbitrárias e autoritarismo.
O líder centro-americano prendeu mais de 73.000 supostos criminosos sob um polêmico estado de emergência. Imagens de centenas de detentos tatuados, descalços, acorrentados e sem blusa foram divulgadas pelo próprio Bukele e se tornaram a sua marca. Cerca de 7.000 pessoas inocentes foram libertadas.
"Somos muito rígidos contra o terrorismo, a corrupção, mas também pensamos no crescimento. Crescimento da sociedade, crescimento dos serviços, crescimento do comércio e da economia", afirmou Noboa.
"Não podemos nos centrar apenas em uma coisa [no combate ao crime], e acredito que isso é algo que gostaria de me diferenciar de El Salvador", acrescentou o governante equatoriano, no poder desde novembro.
Diante da recente onda de violência e da pressão do narcotráfico contra o Estado, Noboa garantiu que não dará o braço a torcer: "Acredito que vamos ganhar e não deixarei de lutar até conseguir", disse.
* AFP