O novo ministro polonês da Cultura declarou, nesta quarta-feira (27), que todos os meios de comunicação públicos, considerados porta-vozes do governo nacionalista de viés populista que o antecedeu, estão em estado de "liquidação", com vistas à sua "reestruturação".
O ministro Bartlomiej Sienkiewicz explicou na rede social X, antigo Twitter, que a medida obedeceu a vontade de "garantir o funcionamento e a reestruturação" da rádio e da televisão públicas e da agência de notícias PAP e de "evitar demissões" nesses meios.
"O estado de liquidação pode ser modificado a qualquer momento pelo proprietário" dessas sociedades, ou seja, pelo Estado, acrescentou.
A decisão ocorre depois que o presidente polonês, Andrzej Duda, aliado dos nacionalistas que saíram do poder, vetou a entrega de subsídios a esses veículos, cujas direções foram substituídas pelo novo governo pró-europeu do primeiro-ministro Donald Tusk.
Os conservadores populistas, derrotados nas eleições legislativas de outubro, denunciaram essas mudanças como "um atentado contra a liberdade dos meios de comunicação". A rede pública de informação TVP parou de transmitir.
Alguns deputados dessa corrente ocupam há vários dias as sedes da televisão e da agência PAP e se negam a reconhecer os novos diretores.
Os meios públicos tornaram-se, acima de tudo, porta-vozes do governo durante os oito anos em que o partido Lei e Justiça (PiS) ocupou o poder.
A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) destacou em seu relatório de 2020 que os meios de comunicação públicos poloneses faziam eco a um "discurso partidarista e de incitação ao ódio" e haviam se transformado em "porta-vozes da propaganda governamental".
* AFP