O governo da Hungria lançou uma nova consulta nacional nesta sexta-feira (17) para "defender a soberania" do país contra a política da União Europeia.
"Bruxelas quer estabelecer guetos de migrantes na Hungria. O que você acha?", é uma das 11 perguntas do formulário publicado na página do governo no Facebook.
O primeiro-ministro nacionalista Viktor Orban tem o costume de adotar este método sem consequências jurídicas, que tem utilizado regularmente desde 2015 para legitimar suas posições anti-UE, através de maciças campanhas de comunicação.
As formulações são muitas vezes tendenciosas e fazem afirmações sem provas.
Além da política migratória, a consulta aborda a questão da guerra na Ucrânia, com a qual a Hungria mantém relações conturbadas.
"Bruxelas quer dar mais armas e mais dinheiro à Ucrânia" e "quer que a Ucrânia se junte à União Europeia", são alguns dos pontos sobre os quais os húngaros poderão expressar suas opiniões.
Embora seja membro da Otan, a Hungria se recusa a fornecer ajuda militar a Kiev e mantém vínculos com o Kremlin.
Budapeste também alertou a Comissão Europeia contra a abertura de negociações para a adesão da Ucrânia à UE.
Em relação ao embargo à importação de cereais ucranianos - que Budapeste se recusa a suspender contra a opinião de Bruxelas -, os eleitores podem escolher entre "apoiar os agricultores húngaros por todos os meios", ou "abrir o nosso mercado aos grãos ucranianos geneticamente modificados".
Também há uma questão sobre o movimento islamista palestino Hamas, que segundo esta consulta, teria recebido ajuda financeira de Bruxelas.
Orban é um apoiador fiel do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e um defensor da operação militar lançada na Faixa de Gaza em represália ao ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro.
A consulta poderá ser preenchida virtualmente ou enviada por correio antes de 10 de janeiro.
No ano passado, a última pesquisa pública, relativa às sanções da UE contra a Rússia, custou cerca de US$ 7,6 milhões (quase R$ 37 milhões na cotação atual) em gastos de impressão e envio.
Dos oito milhões de eleitores, apenas 1,4 milhão responderam, ou 17,5%. Com base em suas respostas, o governo afirmou que 97% dos húngaros foram contra as sanções.
* AFP