A tempestade tropical Pilar causava nesta terça-feira (31) chuvas fortes e se aproximava do litoral da América Central, em seu deslocamento lento a partir do Pacífico, enquanto os serviços meteorológicos monitoravam a formação de outro ciclone tropical no Caribe.
Com ventos de 85 km/h, Pilar se encontrava nesta tarde a cerca de 190 km da costa de El Salvador e se deslocava lentamente na direção nordeste, a uma velocidade de 6 km/h, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
"Pilar poderia se aproximar um pouco mais dos litorais de El Salvador e Nicarágua" na madrugada desta quarta-feira, e começará a se mover "para o oeste-sudoeste longe da terra [firme] na quinta-feira", detalhou o NHC em seu relatório.
"A tempestade ainda se desloca perto nós, [mas] há uma frente fria que não está permitindo que ela chegue ao território", declarou o ministro de Meio Ambiente de El Salvador, Fernando López.
Em La Libertad, 35 km ao sul de San Salvador, pescadores artesanais interromperam suas atividades, enquanto equipes de resgate permaneciam vigilantes.
"Tivemos marés vivas que aumentaram consideravelmente as ondas", disse à AFP Gerardo Ramírez, membro da Defesa Civil que monitora o mar.
A tempestade que deixa a América Central em estado de alerta chega 25 anos depois do furacão Mitch, que deixou cerca de 9.000 mortos e perdas milionárias nos países da região.
Desde o domingo (29), Pilar provoca chuvas com "intensidades variáveis" na maior parte do território salvadorenho, que decretou "Estado de Emergência" e está sob alerta vermelho.
O Observatório do Ministério de Meio Ambiente informou sobre "a alta probabilidade de inundações urbanas, transbordamentos e inundações de terrenos" nos litorais das regiões oriental e central do país.
Devido à frente fria e de acordo com as projeções do NHC, na quarta-feira (1º), "a tempestade começará a se afastar" da costa centro-americana em direção ao Pacífico, disse López.
Com 6,6 milhões de habitantes, El Salvador é vulnerável a deslizamentos de terra e inundações em 87% de seu território de 20.742 km², segundo agências da ONU.
- Chuvas torrenciais em países vizinhos -
Na Guatemala, a Coordenadora para a Redução de Desastres (Conred, proteção civil) relatou que devido às chuvas intensas três pequenas comunidades na capital foram inundadas, afetando diretamente cerca de 450 pessoas.
Autoridades guatemaltecas alertaram que o maior acúmulo de chuva poderia ocorrer na costa do Pacífico e no planalto central.
Já a Nicarágua mantinha o alerta amarelo e a "vigilância permanente" sobre Pilar, que tem provocado chuvas constantes nas regiões costeiras e precipitações intermitentes em outras áreas, indicou o diretor do Sistema Nacional de Prevenção, Mitigação e Atenção a Desastres (Sinapred), Guillermo González.
A vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, indicou que, segundo projeções, Pilar estará perto da costa de Corinto nesta noite.
Marcio Baca, diretor de meteorologia do Instituto de Estudos Territoriais da Nicarágua (Ineter), disse que foram registradas ontem chuvas de mais de 100 milímetros, chegando a 120 em outras áreas.
Em Tegucigalpa, capital de Honduras, as chuvas transformaram as ruas e avenidas em verdadeiros rios, saturando os esgotos e deixando os veículos flutuando em algumas áreas da cidade.
- Possível novo ciclone -
O Centro Nacional de Furacões e os serviços meteorológicos da América Central monitoram a eventual formação de um novo ciclone tropical no leste do Caribe.
Espera-se que o fenômeno, que se encontra no litoral de Porto Rico, desloque-se para o oeste nos próximos dias, aproximando-se da América Central.
"A probabilidade de formação de um novo ciclone em 48 horas é de 20%. A probabilidade de formação ao longo de sete dias é de 60%", aponta o relatório mais recente do NHC.
"Independentemente do desenvolvimento, esse sistema tem o potencial de produzir tempestades sobre setores da América Central até o fim da semana", advertiu o NHC.
A Força Naval da Nicarágua emitiu um alerta de segurança às embarcações pesqueiras no Caribe diante desse fenômeno meteorológico, que poderia se transformar em depressão tropical nos próximos dias.
* AFP