A República Dominicana anunciou nesta segunda-feira (9) a reabertura parcial da sua fronteira com o Haiti, fechada há um mês, para retomar as exportações ao país vizinho, mas manteve o bloqueio migratório.
Sob "controle militar estrito", os postos fronteiriços serão abertos às 8h de quarta-feira, informou o porta-voz do governo dominicano, Homero Figueroa, após uma reunião do Conselho Nacional de Segurança sobre as novas medidas na fronteira.
Autoridades haitianas pediram um diálogo para resolver o conflito, causado pela construção de um canal para desviar um rio limítrofe. "O Haiti considera que um resultado das negociações somente será considerado adequado se permitir a divisão igualitária dos recursos hídricos, a normalização das relações entre os dois países e o retorno à circulação de pessoas e bens das duas partes, como acontecia antes do fechamento unilateral de 15 de setembro."
A medida se dá em meio à chegada iminente de uma missão internacional da ONU ao Haiti. "Reforçaremos a militarização da fronteira, para tornar ainda mais difícil o acesso ao nosso território de membros de gangues em fuga da força multinacional", expressou Figueroa em vídeo publicado na rede social X.
O porta-voz anunciou a habilitação de "corredores comerciais provisórios com medidas estritas de controle militar e registro biométrico", a fim de "facilitar o comércio de produtos essenciais dominicanos, como alimentos e medicamentos, sobretudo para as crianças".
O Haiti, o país mais pobre das Américas, é o segundo maior parceiro comercial da República Dominicana, destinatário de 8,4% das suas exportações, que ficaram em torno de 1,04 bilhão de dólares (5,21 bilhões de reais, na cotação da época) em 2022.
Figueroa ressaltou que fica proibida "a exportação de produtos eletrônicos, cimento, vergalhões e outros materiais de construção, para evitar a construção de estruturas que ameacem ativos ambientais", em referência direta à construção de um canal no Haiti para desviar água do rio binacional Masacre e usá-la na irrigação de plantações.
O presidente Luis Abinader, que busca a reeleição, chamou a obra em andamento de provocação. "Manteremos de maneira indefinida o fechamento migratório da fronteira", ratificou Figueroa. "Prorrogaremos indefinidamente a suspensão da entrega de vistos a cidadãos haitianos."
A crise econômica e política no Haiti, agravada pela violência das gangues, elevou o fluxo de haitianos, muitos sem documentos, para a República Dominicana, que aumentou suas batidas policiais e está construindo uma cerca na fronteira.
* AFP