O presidente da Rússia iniciou, nesta quinta-feira (12), uma visita ao Quirguistão, na primeira viagem ao exterior desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de detenção contra ele pela "deportação" de crianças ucranianas.
Nos últimos meses, Vladimir Putin evitou importantes encontros internacionais, devido a esse mandado de prisão. Nesta viagem, porém, não corre riscos, porque este país da Ásia Central, uma ex-república soviética aliada de Moscou, nunca ratificou o Estatuto de Roma, que dá jurisdição à Corte de Haia.
O presidente russo chegou ao Quirguistão de madrugada para participar, na sexta-feira (13), da cúpula da Comunidade de Estados Independentes (CEI), composta por várias ex-repúblicas soviéticas.
A capital quirguiz, Bishkek, acordou hoje isolada por um enorme destacamento de segurança por ocasião da visita, que coincide com o 20º aniversário da abertura de uma base militar russa no país.
Putin se reuniu com seu homólogo quirguiz, Sadyr Japarov, e enalteceu os fluidos vínculos bilaterais.
"Nossas relações se desenvolvem com muito sucesso", afirmou, destacando o aumento das trocas comerciais, no momento em que o Quirguistão é acusado de ajudar a Rússia a contornar as sanções das potências ocidentais, algo que este país nega.
Na sequência, o presidente russo se reúne com seu homólogo do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em seu primeiro encontro desde a vitória relâmpago de Baku em Nagorno-Karabakh, que forçou a capitulação dos separatistas armênios nesse enclave do Cáucaso.
- Uma cúpula sem a Armênia -
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, não participará da cúpula, anunciou o Quirguistão dois dias antes do evento.
As relações entre Rússia e Armênia, dois aliados tradicionais, têm estado tensas há meses, e ainda mais desde a vitória militar do Azerbaijão em 20 de setembro neste território de maioria armênia.
O principal aliado de Putin, o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, estará presente, assim como líderes que se distanciaram desde a ofensiva de Moscou na Ucrânia, como o cazaque Kassym-Jomart Tokayev e o presidente uzbeque, Shavkat Mirziyoyev.
Putin, que enviou tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022, é objeto de um mandado de detenção do TPI desde março, uma decisão que Moscou considera "nula e sem efeito".
O líder russo disse, recentemente, que evita cúpulas internacionais para não "causar problemas" aos organizadores. Suas ausências mais notáveis foram na cúpula do grupo Brics, na África do Sul, em agosto, e na reunião dos líderes do G20, em setembro, na Índia.
Putin planeja visitar a China em outubro, convidado por seu aliado, o presidente Xi Jinping, para participar de um fórum econômico internacional.
* AFP