Quase metade das pessoas negras na União Europeia (UE) afirma ser vítima de racismo, com base na discriminação observada na procura de emprego e de moradia, ou no comportamento da polícia, expõe um relatório publicado nesta quarta-feira (25).
"É chocante não ver nenhuma melhora desde a nossa última pesquisa, em 2016", comentou o diretor da Agência Europeia dos Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), Michael O'Flaherty, citado em um comunicado.
A situação, inclusive, deteriorou-se ainda mais, uma vez que 45% dos entrevistados declararam terem sido vítimas de racismo nos cinco anos anteriores à sondagem, em comparação com 39% antes.
De acordo com Rosalina Latcheva, responsável por estas questões na FRA, instituição com sede em Viena, o movimento americano Black Lives Matter reforça "a tomada de consciência da comunidade". Ela menciona, ainda, o aumento dos discursos "que apresentam a migração como uma ameaça" e lamenta "seu impacto na forma como as pessoas negras são percebidas" na sociedade.
Quase 6.800 imigrantes de ascendência africana - aqueles nascidos em um país subsaariano, ou com pelo menos um dos pais originário desta região do mundo - foram entrevistados para este estudo realizado entre outubro de 2021 e outubro de 2022, em 13 países da UE.
Os resultados são particularmente "alarmantes" na Alemanha e na Áustria, onde o percentual dos que se declaram expostos ao racismo passa de 70%.
O relatório expõe as flagrantes injustiças no mundo do trabalho, com mais de 30% das pessoas denunciando terem sofrido discriminação. A abordagem racista por parte da polícia também é relatada: 58% dos entrevistados detidos recentemente consideram que a cor de sua pele teve relação com isso.
* AFP