Um incêndio consumiu, nesta quarta-feira (11), 12 barracas no maior mercado da fronteira entre República Dominicana e Haiti, que reabre esta semana em meio a um impasse diplomático que levou ao seu fechamento, assim como ao fechamento de todas as travessias entre os dois países.
"Até agora, graças a Deus, tudo está apagado, não há mais fogo", explicou à AFP Abigail Bueno, presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Binacional de Dajabón, uma cidade fronteiriça que se comunica com Juana Méndez, no Haiti.
"Começou por volta das três da manhã. Os bombeiros de Dajabón, os quatro caminhões que estão aqui, começaram a prestar auxílio, e depois se juntaram várias unidades de bombeiros da região", acrescentou. "Umas 11 ou 12 tendas" foram afetadas.
As autoridades estão investigando a causa deste incidente, que não deixou mortos ou feridos. O governo descarta que possa afetar a retomada das operações.
O mercado, que funciona duas vezes por semana, tem previsão de reabrir na sexta-feira, após Santo Domingo flexibilizar o fechamento da fronteira, permitindo um comércio limitado e sob rigorosa vigilância militar.
Ele ficou paralisado por mais de um mês por decisão do governo dominicano, que fechou Dajabón e uma semana depois fechou o restante da fronteira, em resposta à construção de um canal no Haiti para desviar água de um rio comum para irrigação de plantações.
Normalmente, é preciso abrir caminho com empurrões neste mercado, entre cerca de 300 barracas amontoadas, onde são vendidos roupas, sapatos, eletrodomésticos usados, perfumes, produtos de limpeza, alimentos e brinquedos, por exemplo.
A preparação do mercado deveria começar nesta quarta-feira, mas o portão na fronteira do lado haitiano não abriu, apenas o lado dominicano, e nenhum comerciante do país vizinho pôde cruzar, informou o prefeito de Dajabón, Santiago Riverón, sem informação sobre o motivo dessa situação.
O Haiti, país mais pobre das Américas, pediu "diálogo para resolver o conflito".
A República Dominicana permitiu a retomada da venda de alimentos e medicamentos, mas proibiu o comércio de produtos eletrônicos, cimento, barras de ferro e outros materiais de construção.
Cerca de 8,4% das exportações dominicanas vão para o Haiti, totalizando cerca de 1,04 bilhão de dólares em 2022 (quase R$ 5,4 bilhões na cotação da época). A reabertura da fronteira exclui a migração, que tem aumentado no país vizinho devido à crise econômica e política, agravada pela violência de gangues.
* AFP