Entre os brasileiros que devem voltar de Israel em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) cuja decolagem é prevista para esta sexta-feira (13), está o judoca Felipe Kitadai, 34 anos, que conquistou a medalha de bronze na categoria até 60 kg na Olimpíada de 2012, em Londres. Ele atuou como atleta da Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa) de 2011 até o anúncio da aposentadoria, no início do ano passado.
Após o início do conflito entre Israel e o Hamas, Kitadai solicitou ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil suporte para deixar o país junto da esposa Cintia Bigarelli, do sogro, da filha de um ano de idade e da vira-lata de 12 anos, Baleia.
— Estou me abrigando em casa. A cidade onde estou (Netanya, 24 km ao norte da capital, Tel-Aviv) ainda não foi bombardeada, mas ouvimos diariamente os mísseis explodindo, interceptados pelo Domo de Ferro, nas cidades vizinhas. Nosso voo está marcado para o final da tarde de sexta-feira, próximo às 17h (horário de Israel; 11h no horário brasileiro) — disse Kitadai a GZH nesta quinta (12).
Felipe foi para Israel para compor a equipe de treinadores da seleção olímpica feminina de judô do país. Antes, de 2022 a setembro de 2023, atuava como treinador da seleção juvenil de judô da Áustria.
— Estou há cerca de um mês trabalhando com a equipe nacional feminina. Entre meus companheiros está Charles Chibana, meu "irmão" (judoca brasileiro que foi medalhista de ouro na categoria 66 kg nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015). Estou muito feliz com esse início de trabalho, estamos construindo algo muito legal. Quando a situação acalmar, penso em voltar e dar continuidade ao que Chibana já vinha fazendo, e reforçar da melhor maneira que puder — disse Kitadai.
O medalhista olímpico destaca que o conflito uniu o povo israelense.
— Minha cidade é considerada segura por estar no centro do país. Estamos recebendo muitas famílias refugiadas. Entre tantas coisas ruins, o que me chama mais atenção é a união do povo de Israel. As pessoas se ajudam sem medir esforços, cada um a sua maneira: doando sangue, comprando suprimentos para o Exército, arrumando alojamentos para refugiados. A união e força deles é muito bonito de ver — declara o treinador.
Apoio dos amigos
Alexandre Algeri, que foi vice-presidente de esportes da Sogipa até 2017, é amigo de Kitadai e conversou com ele por mensagem nesta quinta-feira (12). Algeri relembra com carinho a carreira do atleta, que se juntou à equipe da Sogipa em 2011 e logo no ano seguinte garantiu ao Brasil a honraria olímpica.
Após a transição de carreira, o novo capítulo como treinador em Israel também estava sendo positivo até os ataques.
— Ele estava feliz da vida, me disse há alguns dias que estava achando o lugar muito legal, ganhando praticamente o dobro que antes, o emprego fornecendo carro, gasolina, alimentação no centro olímpico e moradia para ele e toda a sua família. Ele estava motivadíssimo até acontecer isso no meio do caminho. E na equipe em que ele treina está uma das grandes rivais da nossa Mayra Aguiar, Inbar Lanir. Agora, ele e a família estão motivados a voltar para o Brasil — afirma.