As cidades de Rafah e Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, foram as que registraram o maior número de mortes, nas últimas 24 horas, causadas pelos bombardeios de Israel, segundo o último boletim publicado pelo Escritório para Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha).
O grupo com 32 pessoas monitorado pelo governo brasileiro está dividido entre Rafah (oito crianças, quatro mulheres e quatro homens) e Khan Yunes (nove crianças, cinco mulheres e dois homens). Apesar das forças israelenses ordenarem a saída dos moradores do Norte de Gaza, o sul também segue sob intenso bombardeio.
O boletim do Escritório da ONU afirma que "entre os ataques relatados nas últimas 24 horas estão as ofensivas contra estruturas residenciais em Khan Yunis (40 mortes relatadas em dois ataques aéreos separados) e em Rafah (12 mortes relatadas, incluindo cinco crianças), enquanto as operações de busca e resgate estão em andamento para dezenas de pessoas desaparecidas sob os escombros".
Segundo a Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia, os brasileiros reportaram intenso bombardeiro na última noite “com uso de algum produto que afeta a respiração: ‘parece gás lacrimogêneo’”.
O palestino naturalizado brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, presenciou na manhã desta sexta-feira (27) novos bombardeiros próximos à residência onde está abrigado com a mulher e duas filhas. Eles estão há 20 dias aguardando autorização para deixar a Faixa de Gaza:
— Bombardeio direito naquele lugar, dá para ver pela janela, 21 dias direto no meio desse conflito, ataques diretos, sem água, sem energia, sem gás para cozinhar, sem pão, está muito complicado. É a terceira vez que atacaram esse lugar.
Água
O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários informou que o abastecimento de água teve uma melhoria temporária pelo segundo dia consecutivo, “depois de a Agência da ONU para Refugiados Palestinos e a Unicef (Fundo da ONU para Infância) terem conseguido fornecer 25 mil litros adicionais de combustível a instalações de água cruciais, provenientes das suas reservas em Gaza. No entanto, a menos que seja fornecido combustível adicional a estas instalações, as operações serão novamente interrompidas em breve”.
Além disso, depois do abastecimento de água por Israel à área de Khan Younis ter diminuído entre 60% e 80%, em 25 de outubro, o fornecimento foi retomado ao nível anterior de 600 metros cúbicos por hora. “Isto também contribuiu para a disponibilidade de água canalizada em alguns agregados familiares”, informou.
A Ocha destacou ainda que duas centrais de dessalinização de água do mar na Área Média e Khan Younis continuam a operar com 30% da sua capacidade total (a terceira central de dessalinização de água do mar no Norte de Gaza permanece fechado).