Autoridades da Ucrânia anunciaram, neste domingo (17), que suas forças retomaram o povoado de Klishchiivka, em um conflito que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) preveem que seja longo. A localidade fica perto da cidade de Bakhmut, no leste do país.
"Klishchiivka foi limpa de russos", anunciou o comandante das forças terrestres do Exército ucraniano, Oleksander Syrskyi, nas redes sociais. Já Volodimyr Zelensky elogiou os soldados que lutam contra os russos perto de Bakhmut e deu destaque aos que retomaram Klishchiivka.
A localidade, onde viviam centenas de pessoas antes da ofensiva da Rússia, havia sido tomada pelas tropas russas em janeiro. O porta-voz das tropas ucranianas no leste, Ilya Yevlakh, disse que a captura de Klishchiivka poderia ajudar o Exército de Kiev a cercar Bakhmut.
— Agora ganhamos um terreno de preparação, o que no futuro nos permitirá continuar a desenvolver ações ofensivas e libertar a nossa terra dos ocupantes — declarou em rede nacional.
E acrescentou:
— Isso se deve sobretudo ao controle das rotas logísticas que permitem o abastecimento de Bakhmut. Também à exposição dos alvos, principalmente ao Sul, que nos permitirá avançar de forma mais eficaz nas linhas inimigas.
As vitórias na contraofensiva de Kiev são de grande importância para a Ucrânia, no momento em que Zelensky se prepara para fazer sua segunda visita a Washington em tempos de guerra para tentar reunir apoio. A viagem será na quinta-feira (21). Ele destacou que estão sendo preparadas "novas soluções de defesa para a Ucrânia".
— A defesa aérea e a artilharia são a prioridade — afirmou, sem dar mais detalhes.
A Ucrânia iniciou uma contraofensiva no sul e leste do país em junho, depois de acumular armas ocidentais e recrutar batalhões. Bakhmut, cidade que tinha cerca de 70 mil habitantes antes da guerra, foi capturada pelas forças russas em maio, após uma das batalhas mais longas e sangrentas desde a invasão russa.
Na última semana, as autoridades ucranianas anunciaram a captura de outra cidade perto de Bakhmut, Andriivka, embora o exército russo tenha negado.
"Uma longa guerra"
As forças de Kiev tentam cortar as rotas logísticas do exército russo como parte da contraofensiva lançada em junho.
O chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, general Mark Milley, estimou numa entrevista transmitida no domingo que esta contraofensiva "não fracassou", mas que o caminho para a vitória ainda é muito longo. Os ucranianos têm "uma força de ataque significativa", sustentou. Ele admitiu, no entanto, que "levará muito tempo" para o presidente Zelensky alcançar o objetivo de "expulsar todos os russos" do país.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, expressou uma opinião semelhante em outra entrevista.
— A maioria das guerras dura mais tempo do que o previsto quando começaram — disse ele ao grupo de comunicação alemão Funke.
E adicionou:
— Consequentemente, temos de nos preparar para uma longa guerra na Ucrânia.
A ida de Zelensky à Casa Branca nesta semana coincide com um debate no congresso estadunidense sobre um novo pacote de ajuda militar para a antiga república soviética. Aproveitando a visita, Zelensky irá ao Capitólio para se reunir com os líderes dos dois partidos, democratas e republicanos.
Já em nome da Rússia, o Ministério da Defesa anunciou que abateu diversos drones ucranianos, no domingo, na península da Crimeia, perto de Moscou e das regiões fronteiriças de Belgorod e Voronezh. Ele também assumiu a responsabilidade por um ataque com mísseis a uma fábrica de reparos de tanques na cidade ucraniana de Kharkiv.