O terremoto de magnitude 6,8 que atingiu o Marrocos, a sudoeste de Marrakech, na noite da sexta-feira (8) já deixou 1.037 mortos. O número de feridos também passa de mil. As informações foram divulgadas pelo Ministério do Interior para a TV estatal.
O tremor ocorreu às 23h11min no horário local (19h11min do horário de Brasília), a cerca de 71 quilômetros a sudoeste de Marrakech, a uma profundidade de 18,5 quilômetros. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram destroços caindo em becos estreitos e objetos sendo derrubados de prateleiras.
Além disso, relatos de sobreviventes descrevemos prédios se movendo, além de danos na cidade. O tremor causou pânico entre a população, que correu para fora dos edifícios e das casas.
— Por volta das 23h, sentimos um tremor muito violento, percebi que era um terremoto. Vi os prédios se movendo. Não estávamos preparados para esse tipo de situação. Depois saí e havia muitas pessoas do lado de fora — explicou Abdelhak el Amrani, um morador de 33 anos de Marrakech, por telefone à AFP.
Amrani relata que as pessoas estavam chocadas e em pânico. Além disso, o incidente causou falta de eletricidade e conexão telefônica por 10 minutos.
— Eu parei e percebi a tragédia. Foi muito sério (...) Os gritos e o choro eram insuportáveis — contou Fayssal Badour, 58 anos, que estava voltando para casa quando o terremoto ocorreu.
O choque foi sentido até na capital Rabat, a centenas de quilômetros de distância, e em cidades costeiras como Casablanca ou Essaouira, até mesmo no país vizinho, a Argélia, onde as autoridades descartaram danos ou vítimas.
Comitiva gaúcha
Uma comitiva brasileira, com integrantes do Rio Grande do Sul, estava em Marrakesh, no Marrocos para participar do 10º Encontro Mundial de Geoparques Unesco. O jornalista Gilberto Ferreira, 42 anos, integrava a comitiva e contou que pensou estar presenciando a queda de um avião quando sentiu os primeiros efeitos do terremoto.
— Havíamos jantado, voltamos para o hotel, troquei de roupa e fui telefonar para minha esposa. No momento que eu estava indo para falar com ela, começou aquele estrondo, aquela barulheira e eu não sabia o que estava acontecendo, porque nunca tive essa experiência. A única coisa que eu pensei é que era um avião caindo — contou.
Ferreira relatou que percebeu fragmentos de alvenaria das paredes do hotel se desprendendo e caindo nos corredores. Após o tremor, segundo ele, os hóspedes começaram a ser removidos do prédio e alojados em área externa, sob vigilância de autoridades locais.
O jornalista faz parte da comitiva da qual fazem parte prefeitos e pesquisadores das regiões do Rio Grande do Sul que tiveram o reconhecimento da Unesco (Organização das Nações Unidas) para a Educação, a Ciência e a Cultura. A missão é liderada pelo vice-governador Gabriel Souza.
A equipe do governo do Estado já tinha voo marcado e retorna ao Rio Grande do Sul neste sábado (9). O restante dos integrantes da comitiva tentaram retornar ao Brasil, porém, a orientação das autoridades locais é que não seja feita a ida ao aeroporto nesse momento.
Noite de terror em Marrakech
As estreitas ruas de Mellah, histórico bairro judeu, encontravam-se repletas de escombros dos prédios centenários que desabaram e dos telhados de madeira que foram arrancados.
De acordo com a mídia marroquina, este foi o terremoto mais poderoso já registrado.
— Estávamos jantando quando ouvimos uma explosão. Entrei em pânico e saí rapidamente com meus filhos. Infelizmente nossa casa desabou — disse mulher de 50 anos que buscou refúgio com a família em uma grande praça de seu bairro.
A casa de Mbarka El Ghabar também foi destruída:
— Estávamos dormindo quando uma parte do teto caiu e ficamos trancados lá dentro, mas meu marido e eu conseguimos escapar.