As equipes de resgate intensificaram os esforços, nesta quarta-feira (13), para ajudar as localidades do Marrocos devastadas pelo terremoto que matou quase 3.000 pessoas, mas as esperanças de encontrar sobreviventes são cada vez menores, cinco dias após a tragédia.
O tremor, que sacudiu na sexta-feira (8) uma região da da Cordilheira do Alto Atlas, ao sudoeste da cidade turística de Marrakech, deixou 2.946 mortos e 5.674 feridos, segundo o balanço oficial mais recente.
Diante da magnitude dos danos, o governo marroquino aceitou a ajuda de Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos, que enviaram equipes de busca e resgate ao reino.
A Cruz Vermelha solicitou mais de 100 milhões de dólares (quase R$ 500 milhões, na cotação atual) para atender as necessidades mais urgentes, que incluem saúde, água, saneamento e higiene, depois de liberar um primeiro fundo de emergência.
O terremoto destruiu várias casas em vilarejos na montanha, frequentemente de difícil acesso, como é o caso de Ineghede, onde 11 dos seus 200 habitantes morreram.
"Perdemos tudo", disse Mohamed al Mutawak, um agricultor de 56 anos.
Em Amizmiz, localidade que fica a uma hora de viagem de Marrakech, militares distribuíram barracas aos desabrigados.
"Eu peço apenas um lugar para viver, um lugar digno para um ser humano", disse Fatima Oumalloul, 59 anos.
- Fila de barracas -
Em Tarudant (sudoeste), foram instalados três pontos de ajuda, com alimentos, mantas e colchões, que estão sendo enviados por via terrestre ou por helicóptero, conforme o estado das rodovias.
"Estamos intervindo em muitos locais" onde "os veículos não podem chegar", explicou o capitão Fahas Abdullah al Dosanri, do corpo de bombeiros do Catar.
Em Tikht, uma localidade onde morreram cerca de 60 pessoas, a população também recebeu ajuda, como por exemplo fraldas para bebês.
Apesar da ajuda, os sobreviventes estão preocupados com seu destino imediato e temem a chegada da chuva.
"As autoridades não nos disseram nada disso", disse indignada Afrah Fuzia, de Tikht. "Dentro de pouco tempo, começará a chover, a fazer mais frio, e há muitas crianças aqui", acrescenta.
O primeiro-ministro do Marrocos, Aziz Akhannouch, anunciou na segunda-feira que as pessoas que perderam suas casas serão indenizadas.
O Exército marroquino instalou hospitais de campanha para atender os feridos nas zonas isoladas, como na localidade de Asni, na província de Al Haouz, a pouco mais de uma hora de Marrakesh.
Nesta quarta-feira, as equipes do governo prosseguiam com os trabalhos para liberar as rodovias que levam aos pequenos vilarejos montanhosos da província, indicou à AFP um responsável do ministério.
"Liberamos a estrada que segue até a cidade de Ighil, epicentro do terremoto, e ao vilarejo próximo de Aghbar", afirmou.
O terremoto atingiu 7 graus de magnitude, segundo o Centro Marroquino para a Pesquisa Científica e Técnica, e 6,8, de acordo com o Centro Geológico dos Estados Unidos.
Este foi tremor mais forte já registrado no reino e o que provocou o maior número de vítimas em mais de seis décadas.
O papa Francisco, que visitou o Marrocos em 2019, afirmou nesta quarta-feira que seus pensamentos estão com o "nobre povo marroquino".
"Rezamos pelo Marrocos, rezamos por seus habitantes. Que o Senhor dê forças para que se recuperem", afirmou o pontífice argentino.
* AFP