Uma forte tempestade atingiu a região metropolitana de Nova York na sexta-feira (29), provocando inundações repentinas, fechando linhas de metrô, transformando estradas em lagos e fazendo estudantes buscarem abrigo em andares superiores de escolas alagadas.
A governadora do Estado, Kathy Hochul, declarou estado de emergência (no Brasil, a denominação utilizada é situação de emergência), pedindo que os moradores ficassem em casa e alertando aos que vivem em apartamentos abaixo do nível da rua para que se preparassem para o pior.
Cascatas de água fecharam o serviço de metrô em grande parte da cidade. Os trens foram redirecionados sem aviso prévio. O Central Park tornou-se uma Veneza em miniatura, com rios na altura da cintura sob suas icônicas pontes em arco.
A tempestade de sexta-feira foi precedida por dias de chuva intensa. Este é o setembro mais chuvoso de Nova York nos últimos 140 anos. De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional, até a manhã de sexta haviam caído mais de 300 milímetros de chuva no mês — índice superado apenas pelos 430 milímetros registrados em setembro de 1882.
Alto risco
A atenção das autoridades municipais se concentrou nos moradores que vivem em zonas de maior risco, dois anos depois que o furacão Ida causou inundações em porões que mataram 11 pessoas no Queens. Muitos desses apartamentos, a maioria ocupados por imigrantes ou pessoas de baixa renda, não podem ser alugados legalmente por não dispor de rotas de fuga em caso de inundação.
— Até onde sabemos, nenhuma criança está em perigo — disse a governadora.
No entanto, algumas escolas pediram aos pais que voltassem para buscar seus filhos, o que os funcionários disseram mais tarde ser exatamente a "coisa errada a se fazer".
— Manter a escola aberta sabendo que isso estava por acontecer é uma irresponsabilidade — reclamou Jessamyn Lee, mãe de duas crianças do Brooklyn.
As frustrações dos pais aumentaram ao longo do dia, à medida que se aproximava a hora de buscar os filhos nas escolas em meio às inúmeras interrupções no trânsito, que ameaçavam deixar as crianças presas em diferentes bairros e distritos.
Críticas
A chuva também causou estragos nas ruas e rodovias mais movimentadas da cidade, inundando partes da Avenida Franklin D. Roosevelt, no East River, e fechando a Belt Parkway, no Brooklyn. Muitos voos foram cancelados ou partiram com atraso nos aeroportos John F. Kennedy e La Guardia.
A sensação de que as autoridades municipais foram surpreendidas irritou muitos nova-iorquinos. O prefeito, Eric Adams, foi criticado por não alertar os residentes sobre a tempestade com rapidez. Jumaane Williams, ex-procurador da cidade, condenou a resposta da prefeitura.
—Do céu laranja às ruas inundadas, um padrão está se tornando cada vez mais claro: a administração municipal tem atuado de forma atrasada e insuficiente no uso das ferramentas mais eficazes para notificar os nova-iorquinos sobre condições extremas, que estão se tornando cada vez mais frequentes — declarou Williams.
Apesar dos transtornos para a população voltar para casa na maior metrópole dos Estados Unidos, as autoridades municipais não registraram nenhuma morte ou ferimento relacionados à tempestade.