Uma forte explosão atingiu um depósito de combustível na região de Nagorno-Karabakh nesta segunda-feira (25), enquanto os armênios étnicos fogem do enclave montanhoso, recuperado pelo Azerbaijão. Pelo menos 200 pessoas ficaram feridas, informaram autoridades separatistas que pediram ajuda para socorrer as vítimas.
O encarregado de direitos humanos da república autoproclamada, Gegham Stepanyan, detalhou que a explosão atingiu o posto no momento em que as pessoas faziam fila para abastecer e deixar a região. Isso porque combustível tem sido um produto escasso depois de dez meses de bloqueio nas estradas do Nagorno-Karabakh.
A autoridade separatista informou ainda que a maior parte dos feridos "se encontra em estado grave ou muito grave". Mas não explicou se há mortos, nem quais são as possíveis causas para explosão.
O Nagorno-Karabakh, é uma área montanhosa de maioria armênia, mas reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão e tem sido palco de uma intensa disputa entre as duas ex-repúblicas soviéticas. Na semana passada, a rápida ofensiva do exército azerbaijano acuou os separatistas que controlaram a região por três décadas. Cercados, os armênios foram forçados a baixar as armas e pedir um cessar-fogo.
Em meio às negociações, o Azerbaijão se comprometeu em acabar com os dez meses de bloqueio no Nagorno-Karabakh. As rodovias que ligam o enclave montanhoso à Armênia foram fechadas em dezembro sob a justificativa de que a rota era usada para armar os separatistas. Os armênios negaram a acusação e rebateram que o bloqueio impedia o fornecimento de produtos essenciais como alimentos e combustíveis para mais de 120 mil pessoas.
O outro lado, por sua vez, também rejeitou a queixa e argumentou que os suprimentos poderiam ser entregues a partir de uma cidade dentro do Azerbaijão — solução vista pelos separatistas como uma estratégia de controle.
Foi em meio à essa tensão crescente que as forças do Azerbaijão cercaram os armênios e retomaram o território disputado desde o fim da antiga União Soviética. Apesar das promessas de fim do bloqueio e respeito aos direitos dos armênios que vivem no Nagorno-Karabakh, há o temor de represália que levou a fuga de milhares de pessoas da região. Segundo o governo da Armênia, mais de 6,5 mil refugiados entraram no país até a noite desta segunda-feira.
A retirada tem sido observada pela missão de paz da Rússia, que está presente na região desde que negociou o armistício para encerrar uma guerra de seis semanas, em 2020. Agora, diante da ofensiva, os separatistas reclamam que Moscou falhou em prevenir as hostilidades e proteger os armênios. Em resposta às críticas, o Kremlin afirmou que não tinha autoridade legal para intervir.
— Somos categoricamente contra a tentativa de colocar a culpa na Rússia — rebateu o porta-voz Dimitri Peskov.
A Rússia tem sido aliada da Armênia, onde tem uma base militar, e busca manter ao mesmo tempo uma relação amistosa com o Azerbaijão. Com a missão de paz, Moscou conseguiu aumentar a dependência de um lado (os armênios) e estabelecer uma presença militar do outro (o solo azerbaijano) além de se projetar como pacificadora no Cáucaso.
O conflito, no entanto, voltou a escalar no momento em que a Rússia estava distraída com a sua própria guerra na Ucrânia e expôs a perda de influência do Kremlin na região.